Zé Goiaba em o causo da seca.

Zé goiaba é um nordestino contador de estórias inacreditáveis e às vezes absurdas. Tem também o coronel que todos dizem ser um grande MENTIROSO, mais suas estórias é tão extraordinárias que fica difícil DEFINIR.

Beto Rami

Zé Goiaba em o causo da seca.

Por. BETO RAMI.

A noite já se avizinhava e todos já estavam se aquecendo no calor da fogueira que já ardia dês das tantas da tarde. Seria mais uma noite comum se não fosse por um detalhe, o Zé goiaba não estava. E sem ele, as noites não tinham muita graça. Todos que estavam ali estavam por um motivo, às famosas estórias de Zé Goiaba. Já iam dando vinte uma horas ou como se diz quando alguém pergunta, nove da noite. A lua estava alta assim como os homens que bebiam sem parar. Foi quando se ouviu o som de relinchar de um cavalo. E a silueta de um cavaleiro se deixou mostrar ao luar. Houve gritos de viva quando viram que o cavaleiro não era outro senão... O tão esperado Zé Goiaba. Ele desceu do cavalo ainda sobre o som de vivas, agradeceu a todos com a falsa modéstia que lhe era costumeira, foi ate a

Fogueira revirou as brasas pra que essas soltassem as estrelinhas que tanto gostava, e começou. __Houve um ano em que a seca castigou tanto o sertão que galinha chegou a botar ovo cozido, tu visse. E pra fazer canja então, bastava ir la no rio e banhar a bichinha. Aí, a coisa piorou logo, pra se conseguir água pra beber, nós tivemos de fazer um poço de pra mais de trinta metros, ou mais... Eu acho. E não foi no terreiro não, oh não. Foi no meio do rio, esse que corta a fazenda... Esse mesmo o... São Francisco. Dez horas da manhã tu visse, o sol já tava tinindo. E as mulheres cozinhavam no terreiro, num sabe. Era só colocar a panela no sol e esperar cozinhar.

A caça definhou, o gado parecia até o sonho daquele faraó dos Egito, tu visse. Pra comer só tinha duas coisas, palma e calango. Mas foi só quando as vacas começaram a dar leite em pó que vimos que a coisa tava mesmo feia. Fomos então à capela do padre Venâncio pedir que ele fizesse uma reza, novena ou procissão ou qualquer coisa assim pedindo chuva, num sabe. Mais chegamos tarde, ele já tinha ido embora pra capital, num guentou o calor, e foi tomar banho de mar. E pior, o pastor Jão e pai Jacó lá do terreiro tinham ido junto. Ficamos sós naquele inferno sem barqueiro e sem nenhum rezador.

Maria santinha ate puxou uma reza pra ver se melhorava, mais... Num adiantou. Até disseram que era por que ela tava enrabichada com Zenão... mais deixa que isso pra lá que é fofoca . Certo dia, num sabe. Ouvimos uma barulheira assustadora parecendo tiro, visse. Achamos ate que as terras estavam sendo invadidas pelos tais dos sem terra. Por que quando eles vêm, é assim, num quer nem saber. Parece estouro de boiada, ou cerco de cangaceiro. Então saímos de espingarda em mãos, prontos pra guerriá. Agora era ou mato ou morro, corremos pro morro. (_O baruio vem do miaral.) gritou bicó de Januária. Então corremos pra lá, assim que chegamos à frente do milharal Tião medalha caiu alvejado. _Levei um pipoco no olho. Disse ele. _Me acode Zé goiaba, vou virar peneira. Gritou desesperado.

_SOCORRO ZÉ GOIABA ,ME ACÓDI HOMI!

_O senhor então o acudiu?Perguntou Lázinho preocupado.

_Qual nada cai na gargalhada.

_Mais home, seu amigo leva um pipoco no zóio e tu em vez de ajudá, danasse a rir. (quanta frieza.)

_É que não foi pipoco não compadre. (Não) ó não foi pi-pó-ca.

Disse rindo.

É que naquele dia o sol foi tão forte que estourou todo o milharal

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