O COVEIRO CORCUNDA
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Recontando Contos Populares
O episódio para o qual peço espaço foge um pouco do comum, mas eu "num guentei" e resolvi recontá-lo. Lá vai:
Corre por aqui, que o coveiro de nosso cemitério era corcunda e que a perdeu em um fato notável. Ele estava limpando um dos túmulos da residência dos mortos, quando um fio de luz intenso formou-se por cima da cova que ele limpava. O coveiro, assustado, fez menção de correr.
— Não corra... Eu não vou te fazer mal – diz uma voz que começou a materializar-se à sua frente.
E ele pergunta com a voz tremula:
— Quem é você?
— Eu sou o espírito do morto desse túmulo que está limpando. Você tem amigos?
— Não! Responde o coveiro.
— Tem dinheiro guardado?
— Não!
— Tem família?
— Também não!
— Então me dá essa corcunda!
Dito isso, o espírito materializado, desmaterializou-se e desapareceu no ar.
Bêbado de felicidade, o coveiro sai contando para todo mundo o ocorrido. Um amigo paraplégico tomou conhecimento do fato e resolveu tentar a mesma sorte do coveiro. De maneira que, passa a depositar regularmente flores no túmulo milagroso.
Um dia, ao depositar um ramalhete, ouve a mesma voz.
— Que é você? Pergunta o paraplégico.
— Sou o espírito do... Você tem amigos?
— Não! Respondeu o cadeirante, felicíssimo.
— Você tem dinheiro guardado?
— Não!
— Tem família?
— Não tenho, não!
— Então, toma essa corcunda!
Pois é, nosso amigo, além de paraplégico, passou a ser corcunda também.
Salve-se quem puder! ®Sérgio!
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Imagem: Caipira picando fumo. Oleo sobre tela de José Ferraz de Almeida.
Se você encontrar erros (inclusive de português), relate-me.
Agradeço a leitura do texto e, antecipadamente, qualquer comentário. Volte Sempre!