O COVEIRO CORCUNDA

_____________________________________

Recontando Contos Populares

 

O episódio para o qual peço espaço foge um pouco do comum, mas eu "num guentei" e resolvi recontá-lo. Lá vai:

Corre por aqui, que o coveiro de nosso cemitério era corcunda e que a perdeu em um fato notável. Ele estava limpando um dos túmulos da residência dos mortos, quando um fio de luz intenso formou-se por cima da cova que ele limpava. O coveiro, assustado, fez menção de correr.

— Não corra... Eu não vou te fazer mal – diz uma voz que começou a materializar-se à sua frente.

E ele pergunta com a voz tremula:

— Quem é você?

— Eu sou o espírito do morto desse túmulo que está limpando. Você tem amigos?

— Não! Responde o coveiro.

— Tem dinheiro guardado?

— Não!

— Tem família?

— Também não!

— Então me dá essa corcunda!

Dito isso, o espírito materializado, desmaterializou-se e desapareceu no ar.

Bêbado de felicidade, o coveiro sai contando para todo mundo o ocorrido. Um amigo paraplégico tomou conhecimento do fato e resolveu tentar a mesma sorte do coveiro. De maneira que, passa a depositar regularmente flores no túmulo milagroso.

Um dia, ao depositar um ramalhete, ouve a mesma voz.

— Que é você? Pergunta o paraplégico.

— Sou o espírito do... Você tem amigos?

— Não! Respondeu o cadeirante, felicíssimo.

— Você tem dinheiro guardado?

— Não!

— Tem família?

— Não tenho, não!

— Então, toma essa corcunda!

Pois é, nosso amigo, além de paraplégico, passou a ser corcunda também.

Salve-se quem puder! ®Sérgio!

  Leia Também: (clique no link)

  O Médico Que Enxergava a Morte.

  A Missa das Almas.

__________________________________________

Imagem: Caipira picando fumo. Oleo sobre tela de José Ferraz de Almeida.

Se você encontrar erros (inclusive de português), relate-me.

Agradeço a leitura do texto e, antecipadamente, qualquer comentário. Volte Sempre!

Ricardo Sérgio
Enviado por Ricardo Sérgio em 24/05/2013
Código do texto: T4307598
Classificação de conteúdo: seguro