Os Ciganos...
Nos meus tempos de criança...
E mesmo já bem mocinha...
Os ciganos apareciam com muita frequência, aqui na nossa região.
Quado eles chegavam lá no povoado, que eu vivia, e montavam suas barracas...
Eu me enchia de alegria !
Meus pais ficavam preocupados !
Dizia para nós, que os ciganos roubavam crianças.
Eu tinha medo !
Mas eu queria entender a vida daquelas pessoas diferentes de nós.
Meu medo era vencido pela curiosidade !
E quando meu pai saia para o trabalho, eu corria para junto deles !
Meio arredia, eu observava tudo...
O sotaque diferente me encantava...
O carinho que as crianças eram tratadas...
As mães, faziam a comida, com seus filhos colados na cintura !
Eu tentava conversar com elas... Mas pouco entendia o que elas diziam.
O fogão, era feito no chão !
Mesmo com suas roupas longas e lindas, elas tinham enorme desenvoltura para se locomoverem.
A comida ficava pronta.
E eu continuava a observar...
No cardápio era sempre o mesmo !
Arroz, feijão, e farinha.
Comiam com as mãos !
Não usavam garfo, nem colher.
Usavam colheres de madeira, ou taquaras de bambu, para mexer as panelas.
Ao mesmo tempo que se alimentavam, elas alimentavam seus filhos.
Misturavam tudo, como se fosse uma pasta, e faziam bolinhos com a comida que comiam .
Os ciganos, sempre saiam para as barganhas...
E quando a noite chegava, todos se recolhiam.
Conversavam entre si, a linguagem que falavam...
Na parte da manhã, as ciganas saiam para tentar ler a mão das pessoas do lugarejo.
As mais velhas eram vistas como as mais sábias.
Lindas ciganas, com apenas quinze anos, já eram casadas, ou prometidas.
E eu, sempre querendo entender aquela vida !
Eu queria aprender a ler as mãos ! Rsrs.
Os ciganos foram sumindo...
Eu os esperava sempre, mas pararam de aparecer !
O destino... Nos leva a um melhor entendimento.
E só no ano de 2007, quando estive participando de uma Exposição na UFRJ, consegui entender o motivo do sumiço dos ciganos, a saber um pouco melhor sobre a vida deles.
Lá, eu descobri que são nômades !
E que hoje, já frequentam Universidades.
Não aprendi a ler as mãos...
Mas aprendi a ser um pouco Nômade !
E assim é a vida !
A curiosidade pode nos matar...
Mas também pode nos ajudar !
Maria Lamanna
Rio Preto-MG