Diminutivos e mineirismos
Tipicamente é o jeito mineiro de falar e criar neologismos no diminutivo. A palavra tiro pode virar "tirico", por exemplo.
- Foi um tirico de nada, senhor juiz - o réu tentando justificar um tiro de revólver que atingiu mortalmente uma vítima, lá para os lados da minha terra.
O Guimarães Rosa mesmo usou um "sozinhozinho" para expressar o tamanho da solidão no Grande Sertão: Veredas.
Sem querer me dei conta na sexta-feira passada que pari um destes, entre tantos que devem nascer diariamente nestas Minas Gerais afora. Estava eu e minha amada numa sala de espera de uma clínica de análises laboratoriais, a espera das horas passarem , em jejum, para retirar nova amostra sanguínea. E aquilo é uma pasmaceira, claro. Estávamos acolhidos numa salinha confortável e iluminada com uma televisão desligada. Entretanto, considero-me uma pessoa quase totalmente desligada de TV, principalmente canal aberto, e não dou mais a mínima para a caixa falante. Exceção para um joguinho do Galo contra o resto do mundo ou um tema legal do NatGeo (agora o National Geographic deixou-se tomar por esta intimidade, pronunciando-se "natdjul").
No mínimo uns três funcionários da clínica , por gentileza, já haviam passado por nós e com um sorriso diziam:
- Se quiserem ligar a televisão, fiquem à vontade.
Agradecíamos e permanecíamos na conversa fiada. Me fez pensar que eles devem considerar-nos de outro planeta (não querem ver televisão?!) .
Mas tudo bem. Quando uma quarta funcionária passou pelo corredor e viu-nos com a TV desligada, não se conteve e repetiu:
- Se quiserem ligar a televisão, fiquem à vontade.
Daí não resisti :
- Obrigado, eu agradeço. Mas se você tiver um "feicibuquizinho" aí , eu aceito.