Nos anos 40 do século XX – As invenções estavam surgindo a todo vapor... Mas as doenças degenerativas ainda hoje são uma incógnita – que diremos naquela época.
Talarico era um menino franzino, tinha dificuldades em andar e falar, mas os olhos dele diziam tudo que alguém que se preocupa precisa saber... Não teve um dia de minha vida que deixei de ver ele na porta de sua casa, com a ajuda de sua mãe Dona Vera, levantar as mãos para me saudar... Sempre que podia, Ditinho fazia umas graças, contava alguma travessura sua ou a de algum colega.
O Tem passou rapido para Ditinho... Mas no fundo Ditinho sabia que o tempo para alguém que esperava a cura, poder gritar e pular parece eterno... Entretanto esse tempo passou...
Talarico começou a perder a memória e os poucos movimentos que tinha... Mas Ditinho quanto mais via essa situação, mais fazia questão de visitar e até inventar graças para entreter o amigo que já não mais reconhecia Ditinho...
Certo dia o padre Lourival estava saindo da casa de dona Vera e se deparou com Ditinho e o questionou...
“O que vens fazer aqui Ditinho?”
“Abença Padre, Vou visitar o Talarico, brincar com ele!”
“Mas ele não reconhece nem a mãe, que diremos de você!”
“Padre, eu sei que ele não me reconhece mais!”
O Padre Lourival muito surpreso arregalou os olhos, coçou a sobrancelhas levemente e questionou:
“Mas para que essa necessidade em estar com ele, se ele já não o reconhece mais?”
Ditinho sorriu levemente, como um moleque serelepe, mas com um olhar sério e profundo e disse...
“Padre, ele não sabe quem eu sou... Eu sei muito quem ele é!”
Lourival, o padre maduro de sermões rígidos, contudo simpáticos deu um longo suspiro e em voz quase sussurrada desabafou...
”É essa o tipo de amizade que rogo aos meus párocos, é esse amor simples, puro - É esse tipo de Amor que desejo todos o sdias eu próprio ter... É uma amizade, que seja um coleguismo Verdadeiro, não vê o físico, sem interesses, só aceita a vida como ela é. ”
“Padre minha mãe sempre me diz, já até decorei... Amizade “mininu” multiplica as alegrias e divide nossas tristezas...”