Saúde!!!!

Eram quatro da tarde e ele estava ali no ponto de ônibus vendendo seus doces e salgados. Sentou-se um pouco atrás do carrinho, improvisado de madeirite, para descansar as pernas. Estava lotado o ponto àquela hora, mas suas vendas não estavam animadoras aquela tarde, se continuasse assim como pagaria seu aluguel, sua água, sua luz (...)

Estava nesses pensamentos quando se aproximou do seu carrinho um homem. Devia ter uns quarenta anos e vinha com uma jaqueta surrada e uma calça jeans sem cor definida.

Chegou-se para perto do carrinho e perguntou:

— O senhor tem balas de goma?

— Tem! Disse o nosso homem, exibindo a caixa de balas ainda cheia.

— Quanto que é esta aqui?

— Essa ‘é duas’ por um real.

Vou poupá-lo, caro leitor, do diálogo rico e criativo entre um vendedor de balas de gomas, mastigáveis e polivitaminicas, e um

transeunte qualquer e vamos ao que nos interessa. Comprou a bala de goma e afastou-se para esperar seu ‘Mercedes’ (ônibus, meu caro Watson, ônibus). Não sei se por causa das balas de goma (não que eu tenha nada contra as benditas animadoras de percurso e até gosto delas) ou se por causa do frio mesmo, o homem começou a espirrar. E logo na primeira!

— Athim!

— Saúde! Gritaram prontamente duas senhoras que estavam perto da nossa ‘vítima’.

Daí a pouco um novo acesso de fúria no interior do organismo do coitado:

— Athiiiiiiiiimmm! Dessa vez um pouco mais forte, ainda não foi o suficiente para derrubar a estátua de Getúlio, mas deu para acordar o tiozinho que dormia ali perto (a uns quatro quilômetros mais ou menos).

— Saúde! Gritou desta vez o nosso vendedor ‘culto’.

Mas um minutinho e você já sabe:

— Athiiiimmmmmmmmmm!¬¬

Todos olharam para a mesma direção (alguns até se benzeram) e mais uma vez ouviu-se o grito amigo do nosso vendedor:

— Saúde!

E a coisa continuou, até que (você sabe que paciência de brasileiro é menor que o cabelo da Xuxa), no quinto ‘round’:

— AAAAAATTTTTHHHHHHIIIIIIMMMMMMMMMMMMMM!!!!!!!!!!!!!

Aí, meu amigo, foi um ‘saracubaco’ daqueles. E, em meio a tanta gente desesperada, criança chorando, cachorro latindo, uma ‘véia’ até desmaiou e o escambau, o nosso vendedor grita de lá:

— Vá pra *&%$## que pariu!

É, foi rindo bastante que tomei meu ônibus e vim para casa.

Adriano Paulo
Enviado por Adriano Paulo em 25/04/2013
Código do texto: T4258707
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