Disse o Pai ao filho, que tanto precisava ouvir.
Então, eu sei que teu fardo é pesado. Muito mais pesado com teus choros que molham e deixam o peso em dobro. Eu sei dos teus pensamentos constantes; quando andas pelas ruas, tu queres sorrir, mas parece que não consegues. Eu sei das tuas lágrimas; tu andas por aí, distante de tudo e te sentes tão só... Parece que estás num deserto onde o frio das aflições te congelam e o calor das agonias te apavoram. E quando tu olhas para o teu futuro e te deparas com interrogações constantes... Eu sei dos teus medos misturados às tuas agonias. Mas quando tu choras, já pensaste que a solidão é apenas cerebral? Não uses teu coração apenas àquilo que o faz sofrer, apenas àquilo capaz de consumi-lo por dentro. Já pensaste que o sofrimento é apenas carnal? Não insistas em gritar no escuro, em esfolar-te a alma, em cavar-te ao próprio túmulo. Eu sei que teu fardo é pesado, mas não caminhas sozinho, filho meu. Dá-me as mãos, e, se teus pés não mais suportarem, carregar-te-ei eu mesmo em meu colo." Disse o Pai ao filho, que tanto precisava ouvir.
Renato F. Marques