Contos *Seu Luiz*
Conheci seu Luiz, sertanejo de Igotú. Homem simples e de muitas histórias, típico dos Nordestinos.
Chapéu surrado de palha, roupas sujas remendadas,bota velha e empoeirada, facão na cintura e bizaco tipo de couro sobre o ombro enganchado. Sofria ao vêr,de sour todo molhado.
Sua aparência quando calado é rude, mas quando começa a falar se torna simples verdadeiro e gentil.
Até hoje não sei dizer a idade dele, já tentei adivinhar, eu acho que é por volta dos 94 anos.
Quando ele me deu a mão para cumprimentar, na porta da sua casa, deu para sentir no toque da mão seca e calejada dos ultimos anos de trabalho pesado no chão duro e seco do sertão.
Já faz nove anos desde que seu Luiz sem que eu o vise.Certa manhã quando passava numa rua da cidade avistei seu Luiz sentado na calçada e fui etá lá.Cheguei e ao vê-lo falei e abracei ela Mas Luiz não me rconheceu.O coração, que já não aguentava, o trabalho pesado, ainda bate forte cada vez que ele ouve o gado mugir no curral e levando os ultimo momentos de sua vida se vai. Luiz olhou para mim e disse tenho saudades das amizades que fiz,tenho saudades do cabo da enxada.
Para o aposentado,o campo é sua paixão.
Aos 94 anos, deixou o trabalho.
É assim também para muitos 3 milhões de trabalhadores que hoje no campo.
Cuidando da terra da lavoura,e colhendo o alimentos para importação e esportação.
E na sua poltrona de angico, ele vai sentar comovido
na tela maior do mundo ele contempla seu filme preferido.
não tem filmes policiais e nem filmes proibidos.
No canal do infinito, sua TV é ligada, só aparecem as estrelas e a lua prateada.O coração, que já não aguenta o trabalho pesado, ainda
gosta de puxar assunto e falar do passado.
Fala apontando para todos os lados, como se eu soubesse tudo o que existe na região e quem são as pessoas de quem fala.Seu Luiz é um Homem de bom coração.
Seu Luiz me falou de um grande amigo,o vizinho das terras,seu Chico.
Um homem educado e alegre que mora bem perto
Fui conhecer a sua pequena propriedade que ele com orgulho diz ter documento e tudo. Seu Chico me falou de Luiz.Disse ser um amigo desde da infancia que ajudou comprar aqquele pedaço de chão,diz que aquele é o seu pedaço de chão e que foi tudo de bom Deus que deu para ele.
No seu pedaço de chão foi instalada uma bomba d’água elétrica e uma cisterna para ajudar toda a comunidade local. Foi um projeto de ajuda privada, que envolveu várias pessoas e empresas.
Fui entrevistar seu Chico e fotografar o local.
Perguntei para seu Chico.
– O que o senhor cria por aqui?
Ele me respondeu debruçado na manivela da bomba d’água: – Umas cabrinhas para o leite, umas galinhas para os ovos, tenho um jegue para carregar lenha e um punhado de pé de feijão lá trás da casa.A resposta de Seu Chico me demonstrou todo e simplicidade daquele coração.
A roça perto de casa,já se amanhece dentro dela.
Continuei com mais uma pergunta: - Essa bomba d’água tem ajudado as famílias da região?
– Vixi, se tem, doutô!
As crianças aqui tem mais saúde.
Assim eu continuei com mais algumas perguntas, até chegar a última.Perguntei quantos filhos seu Chico tinha e ele disse.
_São sete filhos,mas um deles foi embora estou sem notícias dele já faz 20 anos.
Perguntei qual era seu sonho.
Ele repondeu.
-Meu sonho era abraçar meu filho.Neste momento ví o homem encher os de lágrimas e se debruçou a uma dos paus da porteira e chorou em cilênsio.
Tratei de terminar a minha visita.
Me despedí de Seu Chico e ao me despedir,
ele em um gesto de reverência tira o chapéu da cabeça, o aperta no peito e com um olhar para o céu diz: – Olha meu filho, eu tenho sonhado muito com a minha vélha que já se foi há dez anos, quase sempre sonho com ela.
Eu não reformulei a pergunta e conclui com essa resposta simples e do entendimento do seu Chico.
Apertei sua mão,o abracei e saí
escritorafatima