VERDADE I

Minha cidade esta passando por uma epidemia de dengue, mais de 2.000 casos confirmados, foi inclusive decretado estado de emergência. Já fui há alguns anos atrás, acometido desta peste, uma doença dolorida e incomoda. Este ano estou passando ileso, não sei como estou conseguindo, porque no meu relato, vocês também se surpreenderão:

Fui executar um serviço em uma casa de máquina de piscinas, caixa d’água e outros motores, toda construída em concreto, nível mais baixo que a piscina, muito quente e úmida, com pequenas poças.

Preparei-me com um repelente de marca conhecida, um inseticida dos bons, roupa grossa, e ferramentas. Passei repelente em todo o corpo, calcei as botas com meias grossas e compridas, coloquei a calça por dentro da bota, fechando com as meias por cima, camiseta de manga longa por baixo e camisa de manga longa por cima, tudo por dentro da calça e botões abotoados até o pescoço, adentrei naquele Bunker de pernilongos e tentei trabalhar...

Para finalizar um procedimento, tive que ficar ajoelhado, fiquei assustado com o que assisti:

Varias esquadrilhas de pernilongos davam rasantes, em formações de ataque aéreo, parecia que eu estava vivenciando Top Gun! Tudo muito organizado mas como eu estava devidamente paramentado, não obtinham sucesso. Resolvi entrar na luta, preparei meu multi inseticida e em um destes rasantes atirei uma vaporização grande, e comecei a gargalhar de meu sucesso: Dava pra ver vários pernilongos abatidos e outros tantos saindo de formação, completamente sem controle.

Passado alguns minutos voltei ao serviço, de joelhos, quando de repente escuto aquela musica do Queen, We are de Champion! Procuro em volta a origem fonográfica e qual não foi a minha surpresa! A esquadrilha abatida, toda em formação de fila indiana próxima da lata de inseticida, querendo mais uma baforada e zunindo na forma, tom e arranjo da musica... Estupefato olho minhas pernas e uma legião de Aedes levantando minhas meias, enquanto outros tentavam erguer a barra de minha calça, uma terceira tuba aguardando para sugar-me o sangue! Tentei pegar a lata de aerosol mas fui contido por uma formação que zunia: Nina,nina, não!

Antes de render-me, bati em retirada...

Verdade...