ASSIM, TAMBÉM, É DEMAIS TAMBÉM...

Maurício, um colega do trabalho, feliz da vida, pois comprou uma casa de praia, nos convidou para o primeiro final de semana de carnaval. Foram convidados mais três amigos dele, o Mauro, o Luiz e o Fábio.

Em meio aos preparativos, ficou combinado quem iria levar o que. Eu levaria algumas cervejas, espetinhos prontos, etc. Os demais receberam as suas tarefas no meio da semana anterior ao grande final de semana. O Fábio, o último a ser convidado, ficou tão feliz pelo convite que ligou quase todos os dias para o Maurício, sempre com a mesma pergunta: “Tá tudo certo?”. “Tá tudo encima?”. Todos os dias – E olhe que o Maurício já estava de saco cheio.

O Maurício combinou que a chegada lá na casa de praia seria às 10h00min horas de manhã do sábado de carnaval. Após a chegada de todos os convidados, sairíamos com um dos carros levando as cervejas e petiscos prontos e acompanharíamos o primeiro bloco a sair da orla local.

Eu cheguei era umas 09h30min. O Maurício e outros dois convidados chegaram dentro do horário marcado. Nada do Fábio. 10 horas, 10h30min. Nada do Fábio. Maurício sugeriu que fossemos nos arrumando para sairmos com o bloco da orla.

Quando estávamos prontos, de lá da esquina vinha uma fumaça em direção da casa do Maurício, a fumaça chegando perto, todos assustados correram para dentro do quintal e ficaram observando, até que a fumaça se dissipou, e de dentro dela foi surgindo o carro do Fábio. Um fusca 69, laranja, todo original, primeira de luxo. Fumegando tanto que a fumaça vinha de todas as partes do carro, embora todos saibam que o fusca tem o motor atrás, mas tinha fumaça até dentro do carro.

Nós corremos para verificar se o Fábio e seus familiares estavam bem. Nesse instante sai do carro o Fábio abanando o rosto tossindo e se esticando como que buscando ar. Além dele, saíram do fusquinha a esposa e o cunhado, este com um pacote de carvão nos braços (pensei até que fora ele a causa de tanta fumaça...), todos bem, graças a Deus, e apesar do susto e da fumaça.

Passado o susto, o Maurício perguntou ao Fábio o que acontecera, pois todos já estavam preocupados, primeiro pela demora, depois por causa da fumaceira no carro. O Fábio, diante de todos os demais convidados e parentes (o cunhado era contraparente. OK?), contou o seguinte: “Gente, eu tava chegando aqui, perto da última subida antes de entrar na rua da praia. No meio da ladeira passou um Volvo. Bonito. Aí meu cunhado disse: que carrão em, meu? Eu continuei na minha. Depois passou um Voyage, seminovo, e meu cunhado me falou: É mais novo não liga não, cunhadão! - Nessa hora nos foi ultrapassando um cara numa carroça, puxada por um animal que não dava pra saber se era um jumento acabado ou um cavalo mais acabado ainda. Aí, caro Maurício, o meu cunhado falou - espera aí meu velho! Vai deixar essa carroça te passar pra trás? Eu, ao invés de ficar na minha, fui dá ouvidos ao meu cunhado, acelerei, apostei corrida com a carroça, quando eu tava ultrapassando (ganhando por um focinho), só escutei o estralo, o carro começou a soltar fumaça por todos os lados. Acelerei pra não perder a moral. Não teve jeito, o cavalo, ou seja, lá o que era, disparou com medo dos estouros e da fumaça, que eu perdi ele de vista. E pior, essa mala do meu cunhado ainda ficou dizendo... Peraí, meu velho, assim também, é demais também... Não, valeu não, o cavalo era de corrida”.

Inaldo Santos
Enviado por Inaldo Santos em 24/03/2013
Código do texto: T4205973
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