Os Irmãos que foram separados.

No início do século passado, em uma pequena e pacata cidade do interior, vivia uma família com razoável conforto e sem grandes problemas, em suma, eram felizes em seu cotidiano. A família era composta do pai, da mãe e de cinco filhos. O pai de nome Leonardo era africano, e sua esposa de nome Helena era de origem polonesa. Leonardo exercia as profissões de professor e fotógrafo, e naqueles tempos estas ocupações lhe rendiam um ótimo rendimento. O leitor pode imaginar que no inicio do século passado em uma cidade do interior não havia tantos professores e menos ainda fotógrafos.

A família tinha sua propriedade onde criavam e educavam seus filhos. Não lhes faltavam recursos para que educassem os filhos com razoável conforto. Os filhos todos saudáveis eram a alegria do casal. Leonardo saia cedo para exercer os seus ofícios e Helena ficava em casa fazendo as tarefas domésticas e cuidando dos filhos. Tudo andava maravilhosamente bem até que uma fatalidade aconteceu na família.

Leonardo ficou doente e não conseguiam achar a causa da famigerada doença e nem sequer descobrir o nome da doença. Apesar dos cuidados e de seguir corretamente as prescrições do único médico que existia no local, a doença de Leonardo progredia e lhe retirava as forças físicas continuamente. Leonardo lutou bravamente contra a enfermidade, mesmo desconhecendo a tal doença. Não demorou muito tempo e Leonardo veio a falecer, fato que causou enorme tristeza à família e enormes preocupações a Helena porque era ela quem devia cuidar dos cinco filhos.

Após o falecimento do esposo, Helena cuidava dos seus filhos e administrava a propriedade e os bens que a família possuía, assim como administrava a quantia em dinheiro que Leonardo lhe deixara. A família adaptou-se a ausência paterna e durante alguns anos a vida da família estabilizou-se e viviam unidos e felizes na medida do possível. Entretanto, o leitor sabe que tragédia pouca é bobagem, e quando acontece algo ruim não tarda em acontecer outra coisa ainda pior.

Em um determinado dia, Helena lavava as roupas da família na beira do rio. Naqueles tempos era na beira do rio que as pessoas lavavam suas roupas. Enquanto lavava as roupas da família Helena percebeu que uma das crianças brincava muito próxima a margem do rio, imediatamente, o instinto materno falou mais alto e Helena correu e afastou a criança do rio, porém, tropeçou e caiu dentro do rio, e como não sabia nadar acabou não sobrevivendo. O corpo de Helena sequer foi encontrado porque a correnteza do rio era forte e facilmente arrastava longe um corpo humano. Caro leitor, agora tragédia estava completa, ou seja, cinco filhos pequenos no mundo sem pai e sem mãe para deles cuidar. O filho mais velho contava com oito anos e a filha mais nova com três anos, e os outros três filhos contavam idades que se situavam entre três e oito anos.

Uma família que morava próxima e estava ciente da situação adotou as cinco crianças e as levou para sua casa com o pretexto de cuidar das mesmas. E assim foi durante um pequeno período de tempo, porque a família que tinha adotado as crianças começou a dar as crianças para outras famílias para que estas cuidassem das crianças. Alegavam que não era pouca despesa alimentar cinco bocas famintas e que os tempos eram difíceis, e, além disso, ainda tinham os seus próprios filhos para cuidar, educar e alimentar.

A solução encontrada pela família que tinha adotado as crianças foi dar as crianças para outras famílias que estivessem dispostas a adotá-las. Entretanto, nenhuma família quis ficar com as cinco crianças, e por esta razão foi distribuída uma criança para cada família diferente. O agravante é que as cinco famílias que adotaram as crianças moravam em cidades diferentes e bem distantes uma da outra, consequentemente, as cinco crianças foram separadas umas das outras.

Após distribuir a crianças para adoções para outras famílias em locais diferentes e longe da cidade de origem, a família que primeiramente adotara as crianças para criar ficou com a propriedade e com os bens que eram das crianças.

As cinco crianças nunca mais se encontraram. Entretanto, após muitos anos e já adultos os irmãos começaram a procurar uns pelos outros. Quatros deles conseguiram ver-se novamente e inclusive visitar-se, porém, de um dos irmãos nunca mais se teve notícia. Os quatro irmãos que se reencontraram também nunca mais tiveram notícia da propriedade e dos bens que os falecidos pais possuíram.

paulo de jesus
Enviado por paulo de jesus em 23/03/2013
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