A estranha passageira

Sebastião dirigia seu velho Chevrolet 1939, pela madrugada, a procura de algum passageiro. Todas as noites após chegar do trabalho, pegava o táxi e fazia umas corridas, naquela noite já estava recolhendo, passando em frente ao cemitério de Inhaúma, viu uma moça alta e magra, toda vestida de branco fazer sinal. Parou, a senhora, jovem ainda entrou. Deu-lhe o endereço ficava na Abolição perto de sua casa, apenas algumas ruas. Sebastião dirigiu contente, pelo menos, não iria chegar a casa, sem nenhum.

Ao entrar na rua indicada pela passageira, ela pediu que ele parasse o carro, pois ela ia descer e logo voltaria para continuar o trajeto. Sebastião parou o carro, a mulher desceu. Ainda com o motor ligado ele ficou pensando: Está demorando, será que vou receber esta corrida. Esperou pacientemente por alguns minutos, e a passageira não voltava. Resolveu desligar o motor e aguardar. Ficou ali sentado no carro, na madrugada, por mais alguns minutos, até que revoltado, resolveu descer e ver o que estava acontecendo. Bateu palmas em frente à casa onde a moça tinha descido, bateu palmas de novo. Uma lâmpada se acendeu e um senhor abriu a porta da sala, e veio andando até o portão.

Sebastião muito irritado logo perguntou: Senhor, por favor, onde está à moça que pegou meu táxi, ela pediu para eu dar uma paradinha e que logo voltaria. Acontece que é madrugada e eu quero ir embora para casa. O Senhor sabe se ela não vai voltar? Ah, já sei ela não tem dinheiro para pagar, só me faltava esta. O senhor olhou bem para o motorista de táxi e falou: - Por favor, entre. Sebastião não esperava que o senhor o mandasse entrar, e ficou meio curioso. Passou pela varanda e entrou na sala agora iluminada e uma senhora de camisola lá estava. O marido falou para a esposa: - Laurinda veja o que está acontecendo e acredite se quiser este motorista de táxi, disse que está esperando uma moça magra, alta, toda vestida de branco. Ela pegou o táxi dele em Inhaúma e pediu que ele parasse aqui, que ela ia entrar e logo voltaria. Ele já desligou o motor e veio cobrar a corrida. A senhora olhou apavorada para o marido e o motorista sem falar uma palavra. O senhor falou para o motorista: - Sente-se, vou lá dentro buscar seu dinheiro. Voltou, com algumas notas na mão e disse: Senhor, lamento a moça não ter pagado a corrida, mas eu quero pagar por seu trabalho, por favor, veja esta foto, é a mesma moça que o senhor trouxe aqui. O motorista respondeu afirmativamente com a cabeça sem entender. O senhor falou emocionado com os olhos cheios de lágrimas. Esta foto é de minha filha. O Senhor trouxe em seu carro minha filha, só que ela faleceu há alguns anos, e ontem seria seu aniversário.

Julgando tratar-se de uma alucinação, o motorista, foi embora rapidamente sem querer receber o dinheiro e sequer ouvir falar mais naquela estória. Chegando a casa, estava pálido a esposa perguntou o que tinha acontecido, ele apenas respondeu: Acho que dirigi para um fantasma esta noite. E ficou parado, nervoso, sem voz, assustado e com muito medo. Jurando para si mesmo, que jamais iria debochar de assuntos deste gênero.