Bartolomeu

BARTOLOMEU

Bartolomeu Ribeiro da Fonseca, natural da cidade do Rio de Janeiro, veio para interior paulista para trabalhar nos engenhos da região, sua profissão montador de turbinas de usinagens, era especialista no assunto e seu nome por causa da profissão era ouvido falar até mesmo em outros países latino americano. Ele chegou a Jaraguá no final do ano de 1950, solteiro e muito galanteador, veio como referencia no assunto de turbinas. Sempre sendo convidado pelos proprietários do engenho para frequentar a alta sociedade da época. Não perdia uma, sempre com um copo de uísque na mão e uma mulher nos braços, assim ganhou a fama de mulherengo, más ele dizia que nada comprometia seu trabalho. Na época morava sozinho no melhor hotel da cidade tinha um bom carro e era visto pelas solteiras como um bom partido apesar de sua cretinice. Gabava-se da sua posição e se aproveitava disso, mesmo sendo muito presunçoso, era bem aceito pelos outros jovens, afinal um rapaz que vinha da cidade do Rio de Janeiro, galanteador, sempre envolto de moças, divertido, principalmente quando bebia e sempre tinha dinheiro para esbanjava sorte de quem estava por perto. Qualquer jovem gostaria de ter um amigo assim, e disso ele aproveitava fazia e desfazia dos outros jovens com sua arrogância e petulância.

E para aumentar ainda mais a sua arrogância: Como uma forma de agradecimento por ter vindo trabalhar na cidade, foi lhe doado pelos donos do engenho, um grande terreno que dava fundo ao engenho. Uma estratégia dos usineiros da época para tentarem manter o rapaz na cidade, ele aceitou o presente muito feliz, e de imediato começou ele mesmo a desenhar uma casa, ela adorava desenhar, depois de semanas rabiscando e rasgando papel ele conseguiu fazer um projeto do qual se orgulhou. Em sem perder tempo logo em seguida deu vontade de ver seu desenho ganhar forma, conversou com um engenheiro ali do engenho mesmo e começaram a colocar em pé a construção da sua casa.

Não demorou muito, e ele se mudou para a sua casa nova, foi morar naquele casarão sozinho, foi mobiliando a casa ao seu gosto, cultivou um lindo pomar no quintal e fez um belo jardim na entrada, tudo isso estava trazendo para ele uma mudança de comportamento e de hábitos. Que com o tempo ele foi se cansando de sair ás noites, participar de festas e das bebedeiras, passou a ficar a maio parte do tempo livre em sua casa, onde montou uma linda biblioteca e começou a se dedicar as leituras. Deixou de frequentar as rodas de bares e passou a frequentar as rodas dos intelectuais começou a frequentar o teatro, cinema e um clube social que basicamente era tudo de melhor que tinha na cidade, e só era frequentado pela alta sociedade. Participou de um curso de literatura, no qual conseguiu um terceiro lugar, depois deste concurso pegou muito gosto pela arte de escrever e se tornou um participativo membro do jornal local, publicando contos e estórias por ele escritos. Ele tinha muita inspiração principalmente por contos trágicos, e muitas vezes achava que estava prevendo algo que estava por lhe acontecer.

Em uma das noites, que estava no clube estava acontecendo uma exposição de quadros de artistas da região, ele aproveitou e foi prestigiar, andando de quadros em quadros, observando, ouvindo explicações e palestrando com alguns amigos. De repente ele viu uma bela dama ao qual não pode mais tirar os olhos, como se ela fosse uma linda luz florescente e ele um pequeno inseto sendo magnetizado por sua beleza e arrastado para perto dela. Imediatamente perguntou ao amigo que estava ao seu lado quem é está mulher que está ali na frente daquele quadro e acenou com olhos a moça. O amigo respondeu o nome dela e Maria Luiza de Figueiredo, artista plástica o pai é o dono da loja de automóveis que tem na praça central, “eram normal na época dizer a que família pertencia às pessoas”. Ela está expondo seus quadros, aquele que ela está olhando deve ser um dos dela, porque não vai lá perguntar, se ela não quer vendê-lo, e isso mesmo que vou fazer disse ele saindo em direção da moça sem nenhuma timidez. Olá senhorita que belas cores tem esse quadro, você sabe quem o pintou, só vejo aqui as iniciais MLF você conhece o artista. Ela olhou para o rapaz e com um sorriso respondeu sim eu sei disse ela, e você podem apresenta-lo, ela olhou de novo para ele e respondeu por que você supõe que e seja um homem. Não sei talvez seja pelo belo cadillac vermelho pintado embaixo da árvore, ela riu novamente e disse muito prazer eu sou MLF e pronuncio Maria Luiza Figueiredo e sou apaixonada por carros, meu pai tem um revendedora de carros, eu sei e também sabia seu nome, ela fez uma expressão de indignada, mas que atrevido o senhor; desculpe-me, não pude me segurar meu nome é Bartolomeu, e arrogantemente levou a mão dela a sua boca e beijou. Ela no mesmo instante pensou que rapaz atrevido, más também achou interessante o jeito dele, na cidade os homens não se comportavam daquela maneira. Não que ela gostou más também não se aborreceu, ele perguntou se o quadro estava à venda queria compra-lo para colocar em sua biblioteca. Ela disse que sim e depois de mais algumas conversas ele saiu do clube com o quadro embaixo do braço e com o telefone de Maria Luiza na carteira.

O tempo passou os dois se conheceram melhor e num certo sábado do ano 1963 os dois se casaram. Foram morar juntos na linda casa que ele construiu e mobiliou, ela nada tinha que fazer a não ser trazer suas coisas pessoais, e embelezar as paredes da casa com seus lindos quadros. Maria Luiza era uma jovem, muito linda, tinha a pele bem clara, cabelos loiros, olhos penetrantes e azuis, tinha um andar que deixava seu marido estonteado, ele dizia a ela que ela não andava ela flutuava e sempre concluía brincando é meu anjo. No segundo ano de casamento nasceu seu primeiro filho, um menino, foi lhe dado o nome de Luís, e logo no ano seguinte nasceu uma menina a Maria Eugênia, estava então formada a família de Seu Bartolomeu e dona Maria Luiza. Eles eram o que podia chamar de uma família feliz, ele com o excelente emprego, nada deixava faltar para a família. Dona Maria Luiza tinha a ajuda de uma senhora para cuidar das crianças e de uma jovem para ajudar a cuidar da casa, o tempo que ela tinha livre passava no sótão da casa onde ela tinha montado seu ateliê e ficava a pintar seus quadros. Dez anos se passaram e nada demais mudou naquela feliz família, as crianças agora no grupo escolar, o casal sempre unido como se fosse ainda recém-casados, ele nem mais bebia só se dedicava ao trabalho a família e os livros. Só que certo dia dona Maria Luiza começou a se sentir mal, fortes dores de cabeça a incomodava, suas queixas se tornaram constantes, seu marido a levou ao medico que nada soube dizer a respeito. Só prescrevia analgésicos, somente para saciar as dores, más de nada adiantava passava os efeitos e as dores voltavam. As dores aumentavam a cada dia se tornando quase que insuportável, não aguentando mais o sofrimento da esposa, Bartolomeu marcou uma viagem a capital e foi fazer exames mais detalhados.

Fora diagnosticada que a querida esposa estava com transtorno mental e o tratamento se baseava em altas doses de medicamentos, más de nada adiantariam, a doença era irreversível e ela teria que ser internada por que o problema ia ficar cada vez mais complicado e até perigoso. Ele não deu ouvido ao medico, não podia acreditar que sua querida esposa pudesse ser perigosa, não acreditou que aquela linda mulher viesse a fazer mal a alguém. Eles continuaram com as suas atividades, ele indo trabalhar agora todos os dias, tinha aceitado há algum tempo o cargo diretor de produção, as crianças até então não tinha entendido direito o que acontecia com a mãe, e dona Maria Luiza através das medicações tentam levar uma vida normal. O que não durou muito passado algumas semanas, ficou visível o grau de mudança no comportamento da dona da casa. Ela ficava o tempo todo cabisbaixa, não quis mais pintar, pouco falava com as outras pessoas, passava a maior parte do tempo trancado no quarto falando sozinha. Só mesmo quando Bartolomeu chegava a casa é que consegui através de muita conversa tira-la do quarto. E as pioras só aumentava agora a pobre mulher começou a ter atitudes de completa demência, não queria mais tomar banho, vivia dizendo que tinha pessoas estranhas na casa. E que essas pessoas queriam levar ela e as crianças embora, tinha surtos quando a senhora que a ajudava em casa, queria ajuda-la de alguma maneira, chegou até a machucar a senhora quando atirou um vaso de flores contra a mulher dizendo que a mulher era do mau. Em uma visita de médicos na casa deles, foi pedido para que a internasse em uma clinica psiquiátrica urgentemente, no qual ele não só negou como expulsou a todos de sua casa. Dizendo que iria sozinho tomar conta dela, as empregadas não mais queriam trabalhar ali, ele explicou as crianças o que estava havendo com a mãe. Prometendo que logo ela ficaria boa, as crianças no começo ficaram com um pouco de medo mais foram se acostumando com as loucuras da mãe. Que por algum tempo ficou mais tranquila e não mais teve ataques nervosos, somente falava que pessoas queriam pega-la, e vivia se escondendo dentro da sua própria casa com medo.

Em um trágico dia de sábado, Bartolomeu saiu cedo para ir ao engenho, apesar de estar de licença tinha algo para resolver. As crianças estavam em casa com a mãe, as crianças brincavam no quintal e Dona Maria Luiza estava sozinha no seu ateliê, resolveu há algum tempo voltar a pintar. Só que de repente ela desceu correndo as escadas procurando as crianças, quando as encontrou, mandou que entrasse rapidamente no carro sai em alta velocidade. Gritando para que “eles” a parassem de segui-la, por mais que as crianças tentasse falar com a mãe que não tinha ninguém. Ela não dava ouvidos estava completamente alucinada e quando entrou na rodovia principal em alta velocidade se perdeu no volante e o carro saiu para o acostamento e capotou por diversas vezes. Quando Bartolomeu foi avisado do que tinham acontecido, e que às crianças tinham morrido e a mãe estava no hospital ele ficou desesperado não sabia o que fazer foi até o hospital queria falar com a mulher e queria ver as crianças. Ele chegou tão atormentado e desesperado que teve de ser sedado. A família de dona Maria Luiza estava cuidando de tudo, e quando ele voltou do sono induzido foi falar com a esposa, que no leito do hospital olhou para o marido e disse essas palavras: Meu bem não se preocupe mais, eu salvei as crianças, eles não vão mais conseguir pegá-las, e deu uma risada, falei que eles viriam, agora acabou.

Bartolomeu depois de tudo que aconteceu desistiu da vida, sua esposa foi internada em uma casa de repouso fora da cidade. Ele nunca mais foi visita-la, saiu do engenho e ficou em casa não saia mais para nada passava o dia a chorar pelos cantos. Culpava-se de não ter internado a esposa ou de ter deixado as crianças a só com ela, quem passava pela casa se assustava. Com o tempo foi tudo deixado de lado ele nada mais fazia, estava tudo tomado pelo mato e pelo pó, as pessoas diziam que ele ficava ás noites acordado andando pela casa com uma vela na mão a chorar e a falar sozinho. Deixou cabelo e barba crescer ficou com aparência de um louco e de repente desapareceu, ninguém mais soube sobre ele. Tempos depois se ouvia falar de aparições dele na casa, e depois desparecia más ninguém nem mesmo as autoridades da cidade conseguiram comprovar a veracidade deste fato, e tudo ficou na imaginação das pessoas daquela cidade.

Antonio Ricardo Lopes
Enviado por Antonio Ricardo Lopes em 07/03/2013
Reeditado em 13/10/2013
Código do texto: T4176805
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