O Cachorro e o Casarão - Republicado
Essa história aconteceu quando eu era moço, lá do outro lado da serrinha, perto da grota dos Mourão, onde ficava a velha fazenda do seu Afonso de Lourdes. Antigamente foi uma das mais belas da região, mas hoje esta tomada de mato e só sobraram as ruínas do velho casarão da fazenda.
Lembro que eu e meu amigo Luis costumávamos cortar caminho pela fazenda para ir pescar no açude do seu Tiãozinho, mas passávamos bem longe do casarão por que diziam que era assombrado. Assim contava o seu Tiãozinho, que quando era mais novo trabalhou para o seu Afonso de Lourdes.
Certo dia, porém, fomos surpreendidos por uma chuvarada daquelas, caiu até pedra de gelo! Não teve jeito, o lugar mais perto era o casarão do seu Afonso de Lourdes. Entramos correndo pela porta escancarada, estávamos encharcados e tremendo de frio, lá fora a chuva nada de passar enchia o ar de raios e trovões.
- Zezinho... - o Luiz me chamou- será que a assombração do seu Afonso não vai ficar brava com a gente?
- Que isso Luiz, aqui num tem assombração nenhuma não, isso é tudo conversa pra boi dormir que o seu Tiãozinho inventa.
Foi quando escutamos um barulho nos fundos da casa que fez nossos jovens corações gelar.
- Que.. que que foi isso?- o Luis tava tremendo todo.
- Sei lá - acho que eu tava tremendo mais que ele.
Olhamos na direção de onde vinha o barulho, tava tudo escuro. Foi quando ouvimos passos se aproximando! Estavam cada vez mais perto.
Eu e Luiz nos agarramos um ao outro e começamos a rezar um Credo.
De repente a luz de um relâmpago ilumina a casa e vimos um vulto negro bem perto de nós.
- Minha Nossa Senhora nos valei! – gritamos os dois juntos.
O vulto se aproximou de nós, e foi quando chegou bem pertinho é que percebemos que não era nenhuma assombração. Era um grande cachorrão, todo preto.
- Oiá só Luis – eu fui chegando perto de cachorro.
- Peraí Zé, ele pode ser brabo.
- Brabo nada.
E não era bravo mesmo, era um cachorrão bonito que já chegou abanando o rabo e lambendo minha mão.
- É mesmo – disse o Luiz – até que ele é bem manso, será que ele mora aqui? Eu não me lembro de ter visto esse cachorro por essas bandas.
- Ele deve estar se escondendo da chuva igual à gente – disse eu.
- Mas ele não tá nem molhado.
- Ah, isso é porque ele foi mais esperto que nós.
Nós dois estávamos de acordo que nunca tínhamos visto um cachorro tão grande e tão bonito quando aquele, o curioso é que ele tinha uma marca branca na testa no formado de uma estrela, ficamos brincando com ele ali um tempão.
Lá fora a chuva parou, nos despedimos do nosso amigo e voltamos para nossas casas.
No outro dia voltamos ao casarão e procuramos o cachorro, mas nada, e foi assim por muitos dias.
- É, ele sumiu mesmo Zezinho.
- Pois é Luiz, mas será que o seu Tiãozinho não viu ele por aí?
Corremos então para a casa do seu Tiãozinho para ver se ele sabia do cachorro.
Chegamos lá e o velho Tião estava na varanda, parecia que adivinhara que ia ter visita.
- Dia seu Tiãozinho.
- Dia seus menino.
- Seu Tião, o senhor lembra do dia da chuva de pedra? – eu perguntei.
- Ah se lembro, tinha mais de trinta anos que eu não via uma chuva daquela, eu era moço igual ocês e ainda trabalhava na fazendo do seu Afonso de Lourdes, oh dia triste aquele só.
- Dia triste? Mas por quê?- quis saber o Luiz.
- Foi naquele dia que sumiu o Sansão, um cachorrão preto que o seu Afonso tinha. Ele ficou muito triste com o acontecido.
- E...e... e como é que era esse cachorro? – eu já comecei a tremer.
- Ah, era um cachorrão grande, maior num vi até hoje, mas era manso igual um gatinho e tinha uma marca branca na testa, igual uma estrela. Depois que ele sumiu o seu Afonso ficou muito triste, até que adoeceu e morreu coitado... Ei, onde é que ocês vão?
Eu e Luiz já estávamos correndo pra longe dali com o coração na boca.
- Será que era ele Luiz?
- Sei lá Zezinho, mas perto daquela casa eu não chego mais é nem morto.
Esse segredo até hoje só ficou entre nós dois, mas vez ou outra, quando chove forte lá pros lados da serrinha, ainda se ouve contar de gente que encontra um cachorrão preto e manso com uma estrela branca na testa.
Lembro que eu e meu amigo Luis costumávamos cortar caminho pela fazenda para ir pescar no açude do seu Tiãozinho, mas passávamos bem longe do casarão por que diziam que era assombrado. Assim contava o seu Tiãozinho, que quando era mais novo trabalhou para o seu Afonso de Lourdes.
Certo dia, porém, fomos surpreendidos por uma chuvarada daquelas, caiu até pedra de gelo! Não teve jeito, o lugar mais perto era o casarão do seu Afonso de Lourdes. Entramos correndo pela porta escancarada, estávamos encharcados e tremendo de frio, lá fora a chuva nada de passar enchia o ar de raios e trovões.
- Zezinho... - o Luiz me chamou- será que a assombração do seu Afonso não vai ficar brava com a gente?
- Que isso Luiz, aqui num tem assombração nenhuma não, isso é tudo conversa pra boi dormir que o seu Tiãozinho inventa.
Foi quando escutamos um barulho nos fundos da casa que fez nossos jovens corações gelar.
- Que.. que que foi isso?- o Luis tava tremendo todo.
- Sei lá - acho que eu tava tremendo mais que ele.
Olhamos na direção de onde vinha o barulho, tava tudo escuro. Foi quando ouvimos passos se aproximando! Estavam cada vez mais perto.
Eu e Luiz nos agarramos um ao outro e começamos a rezar um Credo.
De repente a luz de um relâmpago ilumina a casa e vimos um vulto negro bem perto de nós.
- Minha Nossa Senhora nos valei! – gritamos os dois juntos.
O vulto se aproximou de nós, e foi quando chegou bem pertinho é que percebemos que não era nenhuma assombração. Era um grande cachorrão, todo preto.
- Oiá só Luis – eu fui chegando perto de cachorro.
- Peraí Zé, ele pode ser brabo.
- Brabo nada.
E não era bravo mesmo, era um cachorrão bonito que já chegou abanando o rabo e lambendo minha mão.
- É mesmo – disse o Luiz – até que ele é bem manso, será que ele mora aqui? Eu não me lembro de ter visto esse cachorro por essas bandas.
- Ele deve estar se escondendo da chuva igual à gente – disse eu.
- Mas ele não tá nem molhado.
- Ah, isso é porque ele foi mais esperto que nós.
Nós dois estávamos de acordo que nunca tínhamos visto um cachorro tão grande e tão bonito quando aquele, o curioso é que ele tinha uma marca branca na testa no formado de uma estrela, ficamos brincando com ele ali um tempão.
Lá fora a chuva parou, nos despedimos do nosso amigo e voltamos para nossas casas.
No outro dia voltamos ao casarão e procuramos o cachorro, mas nada, e foi assim por muitos dias.
- É, ele sumiu mesmo Zezinho.
- Pois é Luiz, mas será que o seu Tiãozinho não viu ele por aí?
Corremos então para a casa do seu Tiãozinho para ver se ele sabia do cachorro.
Chegamos lá e o velho Tião estava na varanda, parecia que adivinhara que ia ter visita.
- Dia seu Tiãozinho.
- Dia seus menino.
- Seu Tião, o senhor lembra do dia da chuva de pedra? – eu perguntei.
- Ah se lembro, tinha mais de trinta anos que eu não via uma chuva daquela, eu era moço igual ocês e ainda trabalhava na fazendo do seu Afonso de Lourdes, oh dia triste aquele só.
- Dia triste? Mas por quê?- quis saber o Luiz.
- Foi naquele dia que sumiu o Sansão, um cachorrão preto que o seu Afonso tinha. Ele ficou muito triste com o acontecido.
- E...e... e como é que era esse cachorro? – eu já comecei a tremer.
- Ah, era um cachorrão grande, maior num vi até hoje, mas era manso igual um gatinho e tinha uma marca branca na testa, igual uma estrela. Depois que ele sumiu o seu Afonso ficou muito triste, até que adoeceu e morreu coitado... Ei, onde é que ocês vão?
Eu e Luiz já estávamos correndo pra longe dali com o coração na boca.
- Será que era ele Luiz?
- Sei lá Zezinho, mas perto daquela casa eu não chego mais é nem morto.
Esse segredo até hoje só ficou entre nós dois, mas vez ou outra, quando chove forte lá pros lados da serrinha, ainda se ouve contar de gente que encontra um cachorrão preto e manso com uma estrela branca na testa.