A Onça e o Coelho.
Na minha pré- adolescência , adolescência e mesmo na maturidade, adorava ouvir às histórias de minha mãe. Ela ia contando e eu imaginando as cenas. Minha mãe tinha um enorme repertório de causos de bichos da floresta, cada um com suas características peculiar. Por exemplo, a Onça era traiçoeira, o Coelho velhaco. Aconteceu que o Coelho aprontou com a Onça, ela não deixou barato, prometeu pegá-lo no jeito para um almoço ou jantar, só que o Coelho não dava bobeira, escorregava igual quiabo. Na floresta havia um único poço onde os bichos bebiam água, a Onça ficou de plantão escondida atrás de uma moita, mas o Coelho sempre desconfiado não foi com tanta sede ao poço, andou farejando e descobriu à cilada, mas a sede foi aumentando, não aguentava mais, deu sorte com o azar do Tatu, achou um morto podre e cheio de bicho de varejeira , enfiou no casco e foi para o poço. A Onça espantou com aquele Tatu fedorento e pingando bicho, perguntou? “ o que aconteceu compadre Tatu?” O (Tatu) respondeu:- “ é comadre Onça, feitiço do compadre Coelho, bastou ele apontar o dedo para mim e olha como fiquei, ele virou o maior feiticeiro da floresta, se a senhora vê-lo por aí, corre para bem longe”. Bebeu bastante água, despediu e foi embora. No outro dia o Coelho apareceu em cima de uma enorme pedra com o dedo apontado em direção ao poço e a Onça pernas para que ti quero, esta correndo até hoje, nunca mais perseguiu o Coelho, assim terminava, minha mãe e eu rindo do velhaco Coelho.
Quando minha mãe terminava de contar um causo, tinha sempre uma frase chula, que dizia com a maior naturalidade e igualmente para os filhos e sobrinhos. Era assim:- “ essa história entrou no bico do pato, saiu no cu do pinto, quem ouviu essa , agora me conta cinco!
Lair Estanislau Alves.