UMA HISTÓRIA DE MEDO - OU CORAGEM?

Toda criança tem medo. E quando já é adolescente? Tem medo também! Quando chega a condição de adulto, continua com medo, só que outros medos: De não arrumar uma namorada, um emprego para se sustentar, deixar a casa dos pais, etc. etc.

Mas a história que vou contar fala do medo de tempestade. Na verdade, quando se mora na roça, nós somos educados desde criança a ter medo de muitas coisas, como exemplo assombrações, que na verdade são Fábulas criadas no passado para serem contadas a crianças com o objetivo de contê-las.

Os pais sempre usam estes meios de assustar as crianças, como forma de ajuda na educação, pois as crianças precisam de algo para contê-las e não sair por aí sem respeitar nada. Como exemplo, posso citar: “Se você não fizer isso o velho do saco vai te levar”; “Se você sair de noite sozinho vai ver o lobisomem”; “Se você fizer pirraça o lobo vai te comer”.

E a gente cresce com medo, mesmo agora no século 21, os pais sempre arrumam alguma forma de assustar as crianças, para que elas se contenham e não saiam por aí sem respeitar nada e ninguém.

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Agora a história que aconteceu comigo: - Eu morava na roça, perto de Taboas, distrito de Rio das Flores, nossa casa era num sítio chamado Boavista, que se localizava no município de Valença-RJ, a uma distância de mais ou menos 5 quilômetros desse povoado.

Pois bem, numa tarde de verão, como era costume, me dirigi ao povoado de Taboas e lá fiquei até bem tarde, por volta das 9 horas. Mas na verdade só resolvi voltar prá casa quando começou a armar uma chuva de dar ‘medo’ a qualquer pessoa, com muitas nuvens escuras.

Quando vi que ia chover saí em direção à minha casa no sítio. Logo no começo de minha volta prá casa a chuva caiu mesmo. Era uma chuva com ventos, relâmpagos, trovões e raios. E para complicar ainda mais, a escuridão da noite.

Isso aconteceu lá pelos anos 60 ou pouco mais, quando eu tinha uns quatorze anos e já não tinha tanto MEDO, pois costumava ir até o povoado quase toda noite quando o tempo estava bom. Voltando a história da chuva, posso afirmar com toda a certeza que neste dia passei muito medo.

Imaginem um garoto da minha idade, enfrentar esse temporal sozinho. Eu me lembro do seguinte: Logo de começo fiquei todo molhado. Para continuar minha viagem prá casa tinha que esperar a hora que acontecia o relâmpago, para então correr, pois a noite estava muito escura e não dava para enxergar a estrada.

Fiquei com muito medo, mas mesmo assim continuei, pois não tinha como pedir ajuda, pois os moradores já estavam com as casas fechadas por causa da noite e da chuva. E eu sabia que os meus pais estavam muito preocupados comigo, principalmente minha mãezinha, esperando a minha volta prá casa.

Então continuei enfrentando a chuva, vento, relâmpagos, trovões e também os riscos da estrada, como buracos, cobras ou mesmo me acidentar, pois a noite estava muito escura. Não poderia deixar de lado a minha fé em Deus, pois nessa hora crucial, só Ele poderia me ajudar, como ajudou.

Percorri toda a estrada de volta prá casa e a chuva não parou, apenas abrandou um pouco e assim consegui chegar em casa à salvo. Todo molhado, cansado, com medo. Mas esse medo agora tinha se transformado em CORAGEM, com a ajuda de Deus.

Minha mãe me esperava ansiosa, rezando para todos os santos. Mas em especial para Nossa Senhora Aparecida, na qual colocou uma vela acesa pedindo a minha volta são e salvo. Pois é, essa é uma história real que aconteceu comigo.

O curioso é que depois desse sufoco com essa chuva, passei a não ter muito medo de chuva, apenas o vento me assusta. Em nossa região não é costume acontecer tornados, tsunamis, furacões como em outros países.

É isso aí, essa é uma história real que aconteceu comigo. Você pode avaliar um garoto da minha idade naquela ocasião, enfrentar essa tempestade dessa dimensão. Se não tivesse coragem talvez batesse em alguma casa para pedir ajuda. Mas a minha preocupação era com meus pais, que estavam me esperando.

tonho sineiro
Enviado por tonho sineiro em 27/02/2013
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