THE BOOK IS ON THE TABLE = EC
Quando vi o tema de hoje, disse cá com meus botões:
—Pela primeira vez, vou deixar de participar do desafio.
Motivo: Não sei nada de inglês (isso é inglês, não é?) e consequentemente não tenho a menor ideia do que me está sendo pedido.
Entretanto, este tema me fez lembrar de uma história, que aconteceu há muitos anos, lá pela segunda década do século passado.
Com o recente término da primeira guerra, muitos europeus emigraram para o Brasil e formou-se em algum lugar uma colônia de alemães onde muitos imigrantes viviam como se estivessem em uma possessão alemã.
Quando foi criada ali uma escola, dois professores recém-formados foram ministrar as aulas, Moacir para os meninos e Olga para as meninas. Naquele tempo não havia classes mistas.
Os dois jovens foram muito bem recebidos, mas como os colonos falavam muito pouco o português e os professores nada sabiam do alemão a comunicação no começo foi difícil, mas logo se adaptaram. Os alemães melhoraram seu português e os professores aprenderam um pouco do alemão.
As dificuldades nas aulas foram bem menores do que eles pensavam, pois as crianças que a principio só falavam o alemão, em pouco tempo estavam falando correntemente o português.
Tudo ia às mil maravilhas para os dois jovens. A moçada convidava-os para as festinhas, as meninas "flertavam" com o Moacir e Olga tinha vários admiradores louros de olhos azuis.
Moacir era muito interessado na língua alemã e não perdia oportunidade de enriquecer o seu vocabulário germânico.
Até que uma noite, em um um baile numa das casas de família, Moacir perguntou a um rapaz como é que se convidava uma moça para dançar, em alemão.
O rapaz, maldosamente, em vez do clássico ”a senhorita me dá o prazer desta contradança” ensinou-lhe uma frase de baixo calão que não sei qual era, mas devia ser impublicável, pelo menos na época.
Moacir repetiu a frase dezenas de vezes para ter certeza de que não estava errando e foi convidar a garota para dançar.
A moça respondeu-lhe com uma bofetada, o pai dela surgiu do nada pronto para esfolar o Moacir, a turma do deixa disso segurou-o, houve um tumulto danado, todo mundo falando ao mesmo tempo, em alemão, é claro, e Moacir não conseguia explicar o mal entendido.
O autor da brincadeira quando viu o tumulto que provocara deu no pé antes que sobrasse algum sopapo para ele.
Por fim, os ânimos serenaram, todos acabaram entendendo o que houvera, mas o Moacir nunca mais foi o mesmo.
Alvo de caçoadas ficou muito constrangido e aguardou ansiosamente o fim do ano letivo para remover-se para uma escola bem longe das colônias estrangeiras.
Dizem que quando falamos em uma língua que não é a nossa nunca dizendo exatamente o que queríamos. Será?
Que o digam os poliglotas que me lerem.
Este texto faz parte do Exercício Criativo - The Book is on the Table
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