O PEIXEIRO E A PIRANHA
 
Antes de adentrarmos na história cabe alguns esclarecimentos. Peixeiro: é todo aquele que comercializa o peixe; Piranha: peixe voraz e de perigosa mordedura que ataca em cardumes homens e animais. Mas também pode ser, na gíria, prostituta.
Nesse caso aqui narrado abordaremos o homem que comercializava o pescado e uma certa prostituta. Também trocaremos os nomes, considerando que o peixeiro é casado e a prostituta por ter o mesmo nome que a mãe de Deus e, portanto, por ser indigna de tê-lo usaremos um apelido para nomeá-la.
Essa é a história de traição e morte protagonizada por Marcão e Zezé.
Marcão um jovem sonhador, mas que de tanto sonhar vivia a dormir. Preguiçoso por natureza, dizia que na vida precisava ser esperto e não trabalhador para se dar bem. Saber onde pisar, no local e hora certa. Com uma boa aparência poderia arrancar todo dinheiro que precisasse de uma mulher rica e mal amada, com jeito e devagar tudo na vida se consegue, basta persistir que logo se acha um pato, no caso dele específico, uma pata.
Zezé por sua vez, era uma morena que foi adotada pela tia, negava sua própria origem, queria sempre dizer que tinha dote, que sua família fazia de tudo para vê-la bem de vida. Que tivesse um bom casamento e pudesse sair do anonimato para a alta sociedade.
Zezé casou-se com um radialista que de tudo fazia para subir na vida, de tudo fez, foi publicitário, empresário, traficante, e agora era político, estava cada vez mais ascendendo na vida, em breve tinha um sonho de ser o prefeito da cidade que escolheu para viver, segundo ele não se podia escolher onde nascer, mas onde viver poderia, principalmente se fosse um lugar onde tivesse bastante gente boba, do tipo que dá o maior ibope para aqueles por ali chegaram, não importando se vinham fugindo da fome ou qualquer outra mazela.
Zezé, estava bem casada, mas era mal amada, o seu marido ao que parecia gostava de navegar em outras águas e não nos lagos de Zezé. Era do tipo que saía cedo de casa e chegava tarde, metido a conquistar todas as garotas que encontrasse pela frente, e por muitas vezes esquecendo da pobre Zezé.
Zezé trouxe na sua natureza a capacidade de ser também uma exímia conquistadora, do tipo pegadora, pegava um, dois, três, e quantos mais lhe dessem bola. Se deixasse ela pegava geral, parecia a música da tropa de elite.
Certo dia, Zezé conhece meio que por acaso nada mais nada menos que o peixeiro Marcão, que com aquela sua lábia se insinua para Zezé e em pouco tempo já estão aos beijos e abraços, ambos eram rápidos no gatilho. Zezé vê em Marcão o homem que podia suprir suas necessidades fisiológicas, e Marcão viu em Zezé a pessoa que podia suprir suas necessidades financeiras, estava formado o par. Era a sopa no mel, a tampa e a panela.
Começou o relacionamento às escondias e como sempre o traído será o último a saber. Zezé, estava apaixonada por Marcão, o homem sabia como arrancar tudo das mulheres, do tipo: “esse cara sou eu”.
A irmã do traído descobriu e vivia a cobrar uma propina de Zezé pelo seu silêncio, fazia ameaças, e ganhava tudo da cunhada. Era uma troca, o teu silêncio vale uma grana. Zezé fazia de tudo para ter a amizade da cunhada e seu silêncio, era Deus nos céus e a cunhada na terra.
Zezé pirou de vez por Marcão, estava tão apaixonada que deu de presente ao amante uma belíssima picape D20, a picape top da época. E como se não bastasse, comprou todos os equipamentos para uma nova loja de venda de pescado, realizando assim, um sonho de Marcão, ser um empresário reconhecido no ramo do peixe, pois estava cansado de ser chamado de peixeiro, queria uma promoção, empresário do ramo pesqueiro, ficaria mais chique e elegante.
Tudo ia bem no relacionamento dos amantes, até que certo dia ao passar a tarde juntos, Zezé perdeu a hora, dormiu, e quando acordou passou mal, nas alturas do campeonato o marido traído já estava em casa e ela estava enrascada, o que iria dizer para ele? Saiu em disparada, rumo a sua residência, quando estava próximo de chegar se envolveu em um acidente, no qual um motociclista bateu em seu carro vindo a falecer, não se sabe se Zezé dobrou na frente do falecido ou o motoqueiro que errou entrando em seu carro. Resultado: morte do motociclista e Zezé nunca pisou na porta da cadeia para pagar por seu crime, se foi culpada, sequer chegou a ser julgada, afinal ela era esposa de político e com essa turma nada acontece.
Mais adiante, agora Zezé já havia mudado de ambiente, morava em uma bela mansão, estava no auge da sua vida oculta. Havia deixado o peixeiro que somente de quando em vez se encontravam para relembrar os velhos tempos. Zezé estava em outra, agora fazia faculdade e pegava geral a rapaziada, bastava ser jovem e ter o vigor necessário que Zezé chegava junto.
Mas na vida tudo tem limite, até gigante cai, que o diga Golias, mesmo porque todos sem exceção prestarão contas dos seus atos perante Deus. Zezé estava bem de vida e na vida, quando o seu marido, o traído, recebeu uma notícia de um “amigo”, dando conta do romance secreto de Zezé. O homem ficou possesso, irado, queria jogar Zezé do segundo piso, entrou em depressão, precisou viajar ao Rio de Janeiro para fazer análise, coisa de corno rico, pobre toma é cachaça para tudo esquecer.
Descoberta a vida piranha de Zezé, o marido tudo lhe cortou, até deixá-la de vez, mas antes a submeteu a todo tipo de perversão, já que ela queria ser uma prostituta que fosse com louvor. Eita corno vingativo. Moral da história: existem pessoas que se apresentam para a sociedade como íntegras e de bons costumes, mas que, às escondidas vivem outra realidade. A ocasião faz o ladrão e a falta de atenção à esposa a tornará um peixe voraz, uma piranha.