Os botões
Queixa-me um amigo, triste, desanimado...
Sempre fora muito apaixonado,
pela sua querida companheira.
Ela ainda mantinha a beleza
e, claro, com toda certeza,
o amava, o respeitava, era parceira.
A vida não é fácil, é verdade,
são muitas as adversidades,
mas eles superaram as vicissitudes.
Filhos nasceram, um trio,
e por anos a fio,
eles foram firmes nas atitudes.
Agora, todos bem criados,
trabalhando, já formados,
ele maneirou na labuta.
Ficava mais na calmaria,
pois a cobrança dos dias,
já não exigia tanta luta.
A vida só não era maravilhosa
porque a esposa fazia tosa
quando ele vinha com tesão.
Não tinha mais a vontade
e pra dizer a verdade
deixava-lhe sempre na mão.
Não era ele de infidelidade,
apesar da facilidade,
que existe hoje em dia.
Conversaram, buscaram a medicina,
mesmo assim, naquela sina,
nenhuma melhora se via.
Ele foi por demais paciente...
Sexo, não era, minha gente,
o principal de um casamento.
Assim, o tempo passava...
A situação não mudava.
Ele vivendo um tormento.
Por isso, vergonhoso, vermelho,
me pedia um bom conselho,
queria uma possível sugestão.
Disse-lhe que talvez fosse o ambiente,
que tal um jantar, como antigamente,
vinho, música, motel. Então?
Chegando lá, vai devagarinho,
com muito tato e carinho,
nada de televisão.
Vai-lhe beijando todinha,
pra que ela fique doidinha,
se acabando de tesão.
E é claro, com paciência,
dando a ela preferência,
deixando a coisa rolar.
Vai-lhe fazendo elogios,
ela vai ter calafrios,
não vai se segurar.
Antes de tirar-lhe a blusa,
não haverá sequer recusa,
pergunte: o que tem aqui?
Ela, toda dengosa,
vai dizer, são dois botões de rosas
que eu plantei para ti.
Dias depois, o meu amigo,
veio falar comigo,
triste e desanimado:
Fiz tudo aquilo direitinho,
segui o roteiro certinho,
mas o troço deu errado.
Quando chegou o momento
da blusa, no indagamento,
que perguntei bem baixinho,
ela me respondeu nervosa,
nada, nada, dengosa:
tem dois botões bem murchinhos...