Patrício: sólido, líquido e difícil.

Patrício era sereno como a madrugada. A tez saturada não o parecia, mas Patrício era mesmo sereno. Tinha os olhos acinzentados como o vapor atmosférico da noite, o ego nevoado, e o coração no relento.

Patrício era incomum ao afeto, tinha apatia aos casais e subversão ao tempo, que apagou-lhe as lembranças mais vinis, e conservou as mais moças - não tão formosas quanto as moças.

Patrício sofrera por abstinência, asbsteve o pulsar do peito, o pôr e nascer do sol. Era um sujeito dedicado, bebeu da vida o que pôde, e cada dose dedicou ao seu diploma de doutor.

E numa última dedicação à morte, Patrício Era.

Morreu na névoa da iminência, esperando o degelo do amor.

Liz Agostinho
Enviado por Liz Agostinho em 06/02/2013
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