A GRANDE BROXADA -Verídico
‘’Pacote e Marrom’’, eram os nomes dos dois cavalos que o Aristeu tinha. Jamais havia tido um carro e um belo dia comprou um Fusquinha verdinho, filézinho, fazia sucesso por onde passava pois era ''quase do ano'' e a mulherada ficava no pé só para dar umas voltas. Naquela época, as ''baladas'' de hoje eram conhecidas como ''brincadeira dançante'' e como não poderia deixar de ser, o Aristeu e seus amigos estavam em todas. Era música de ''discoteca'' que rolava a noite inteira, ponche que era feito com ''espuma de prata'' e maçã ou pêssego picadinhos. Todo mundo também gostava de ''Cuba libre'' e ''rabo de galo'' que eram a mistura de Coca-cola com rum e cachaça. O som rolava nos famosos toca disco, geralmente com duas caixas de som. Pilhas e pilhas de ''bolachões'', os famosos discos de vinil e para deixar o ambiente mais romântico e mais escurinho, as lâmpadas eram pintadas de azul com tinta guache e como era a base de água, secava rápido e fica legal. O Aristeu era o rei da mulherada ''mal acabada'' e sempre que podia, tirava uma casquinha daqui e dali, mas sair de verdade era difícil, apesar do fusquinha reluzente parado na porta.
Em uma desta ''brincadeiras dançantes"" o Aristeu ''descolou'' uma garota linda, talvez a mais linda da noite, um milagre, pois as feias é que eram a sua praia.
Ninguém mais viu a garota e o Aristeu naquela noite e na semana seguinte, todos queriam saber da garota, mas, e o Aristeu? Também havia sumido, não tinha sequer um amigo que soubesse do paradeiro dele. Dois dias depois, lá veio ele, feliz da vida, dizia estar apaixonado e amarrado na garota. Todo mundo queria saber detalhes, mas Aristeu não abria a boca. Possivelmente estivesse falando sério, pois nunca houve uma vez que o Aristeu não se gabasse de ter feito isto e aquilo com a feiosa que havia saído, mas da beldade, desta ele nada dizia.
Passadas algumas semanas, uma turma da USP de Ribeirão Preto-SP, convidou o Aristeu para uma ''brincadeira dançante'' nas dependências da
Faculdade de Medicina. Sábado, maior alegria, lá foi o Aristeu com seu reluzente fusquinha em Direção ao Campus da USP participar da festa.
Quando entrou na festa, deparou-se com a mesma garota da última festa, aquela, a mais linda, e maluco por ela, tira ela para dançar, e no meio da dança, beijam-se loucamente. Depois de várias músicas, beberam algumas ''cuba libre'' depois dançaram novamente e beijaram-se novamente. Novamente tomaram algumas doses, desta vez de ''ponche'' e já embriagados, decidiram pegar o fusquinha e partir para um lugar isolado.
Naquela época, a segurança era grande e podia-se namorar no carro em qualquer lugar, que não havia nenhum problema. Ainda dentro do Campus da USP, Aristeu decide parar o fusquinha em um pasto enorme, a noite estava clara pois era lua cheia, e dentro do fusquinha, Aristeu e sua amada entregaram-se ao amor. Lá pelas tantas, os dois já encontravam-se nus no banco do fusquinha e Aristeu com toda delicadeza do mundo, preparava-se para amar definitivamente aquela bela garota, preparava-se para faze-la ''mulher''. Os vidros do fusquinha estavam abaixados, o rádio tocava Michele dos Beatles e já por cima da linda garota, Aristeu sente um ''bafo'' quente nos glúteos, seguido de uma quente lambida e depois um ''relincho''! Abalado e broxado, Aristeu constatou que um cavalo que estava solto no pasto, enfiara a cabeça dentro do fusquinha, fungando, lambendo e depois relinchando!
Passado o susto, não havia música romântica que fizesse o Aristeu ''retomar suas atividades''. Por fim, levou a garota embora e nunca mais à viu! Aristeu acabou indo parar no psiquiatra e precisou ''fazer um tratamento'' anti-broxante por seis meses, pois havia ficado uma sequela provocada pelo cavalo. Jamais alguém soube se ele ficou curado, mas uma coisa foi certa: Aristeu nunca mais quis saber de cavalo.............trocou o ''Pacote e o Marrom'' por uma tv preto e branco uma cabrita........