CARATÊ NO INTERIOR
A política brasileira tem lá suas peculiaridades. Isso nós presenciamos todos os dias. É um tal de eleger candidatos, não pela sua capacidade de gestão ou pela capacidade de legislar, mas sim como forma de protestos ou, na maioria das vezes, porque o leitor não é nada politizado, é apenas massa de manobra nas mão dos espertalhões de plantão.
No interior então, a maioria dos prefeitos são escolhidos, geralmente pelo que eles têm, e não pelo que eles são, portanto, não é levado em consideração sua capacidade intelectual. Em muitos casos, quanto mais bronco forem, parece que mais atraem os eleitores, e isso, acaba gerando algumas pérolas quando são questionados pelo público ou pela mídia, como essa, que aconteceu por estas bandas.
Contam a boca pequena que numa cidade da vizinhança, logo na virada do século, a sociedade local e as instituições ligadas ao esporte e a cultura resolveram promover um campeonato de karatê ou Caratê, como queiram os leitores, o que foi um sucesso. Após vários dias de competição, finalmente chegou o dia do encerramento, entrega de medalhas, discurso das autoridades, em fim, aquele lengalenga costumeiro, com total cobertura da mídia local e regional.
Para coroar a cobertura, o repórter resolve entrevistar ao vivo e a cores o digníssimo prefeito, autoridade máxima e, que evidentemente, não ia perder uma oportunidade dessas de aparecer na mídia.
— Bom dia, prefeito.
— Bom dia meu caro repórter.
— Prefeito, fala aqui para o público que está nos assistindo, o que o senhor acha do caratê?
O digníssimo prefeito, no alto de sua sapiência, respondeu na lata:
— Sem dúvida nenhuma, é muito melhor o cara tê do que não tê......