Cadê a casinha ?
Cadê a casinha ?
Cadê a casinha ?
O povo nordestino é mesmo interessante. Era no final dos anos 90 e, naquela época, de saudosa lembrança, ainda vivíamos em Fortaleza com mais tranqüilidade, melhor mobilidade urbana e menos violência. Muitos pacientes, como ainda hoje ocorre, vinham do interior do Estado para fazerem cirurgia na capital . Seu Manoel era um deles. Ao sair do centro cirúrgico naquela tarde , após ter feito várias cirurgias de catarata, inclusive a do seu Manoel, dirigi-me ao posto de enfermagem, como de costume, para fazer o relatório (descrição) cirúrgico nos prontuários, quando a certa altura uma voz começou insistentemente a gritar chamando pela enfermeira: enfermeira..enfermeira...enfermeira “ eu quero ir no mato ! eu quero ir no mato enfermeira ! No que todos nós que estávamos ali presentes começamos a rir. Reconheci , pela voz, que era seu Manoel, que desesperado gritava para a moça do posto de enfermagem ir ajudá-lo, pois queria muito urinar e não sabia usar o sanitário da enfermaria, já que era acostumado a fazer suas necessidades no mato ou na “casinha” banheiro rudimentar muitas vezes feito com madeira e palhas de palmeiras e que ficava no quintal das casas do interior, jamais dentro da casa onde se dormia e fazia as refeições. Pobre Manoel, desacostumado com as modernidades da capital, ter que passar por tal constrangimento!