DEVOÇÃO
 
- Amor! 30 dias de férias, que vamos fazer?
- Vamos conhecer as cidades históricas? Ouro preto, Congonhas, Mariana, Tiradentes...
-Boa idéia, vamos fazer as malas... Podemos pernoitar em Belo horizonte, no dia seguinte nos hospedaremos em Ouro Preto e de lá visitaremos as outras cidades.
- Combinado, partiremos amanhã pela manhã.
Dia seguinte, carro com manutenção feita, malas prontas, matulinha pronta (nenhum mineiro que conheço sai de viagem sem uma matulinha) composta de pão de queijo, lanche de presunto e queijo, garrafa de água, coca cola, balas, cigarros, guia 4 rodas, blusas de frio, maios, (mineiro leva maio, blusa de frio e guarda chuva, sandálias e galochas).
Pegamos a estrada, primeiro pouso, Belo Horizonte, uma viagem de 780 km, um tirinho de “ispingarrrrrrda”. Música boa, animados, boa prosa, 150 km depois, divisa de São Paulo e Minas Gerais uma placa com os dizeres: “Belo horizonte 720 km”...
- Amor, acho que você errou o caminho...
- Errei não, querida! Porque cê ta achando que errei?
- Nunca fui boa aluna de matemática, me corrija se eu estiver errada, andamos 150 km de um percurso de 780 km. Não tinha que estar faltando apenas 630 km? Ou BH mudou de lugar?
- Coisas de mineiro querida, se colocar a distancia correta, o povo desiste da viagem...
Após muitos erros matemáticos, chegamos a BH à tarde. Que cidade linda! Ruas largas, bem arborizadas, povo educado, sinalização de transito... Hummmm! Terrível! Ainda bem que o povo é bom e sossegado.
Que hotel! Lindo, parecia uma pintura, nos fundos uma feira de artesanato e gastronomia a noite toda, que trabalhos magníficos e comida boa...
Dia seguinte café da manhã em um salão enorme, com duas mesas gigantes, cheias de guloseimas mineiras, pães, bolos, broas, doces, curau, tudo que se possa imaginar... Barriga cheia pé na areia...
Em Ouro Preto nos hospedamos em um hotel no centro. Um casarão antigo, paredes brancas, piso de tábuas corridas enceradas, brilhantes de poder fazer a barba, portas e janelas azuis, candelabros, lampiões e lamparinas adaptadas para lâmpadas, umas das estruturas antigas mais lindas e funcionais que já vi!
Passeamos bastante, arquitetura, esculturas, museus, isto deu uma fome! Voltamos ao hotel, tomamos banho e nos aprontamos para uma noitada...
- Chefe! Por favor, um bom restaurante? Indaguei ao recepcionista do hotel.
- Duladilá da praça tem um, duladicá tem a padaria du paulista, ceu fosse uceis, ia nu paulista...
- Muito obrigado, até mais tarde.
- Inté!
Fomos ao restaurante duladilá, nos acomodamos e estranhamos, apenas nós dois! Até o garçom estranhou...
- Bas noiti!
- Boa noite, o que temos pra comer?
- A Tiana foi na missa e inda num vortô.
- Hoje não tem comida no restaurante? Indaguei estupefato.
- Tem só dispois da missa sinhor.
- A que horas dona Sebastiana chega para cozinhar?
- A tia Ana chega dispois da missa.
- Como faremos para jantar?
- Duladilá, tem u paulista.
- Obrigado.
 Atravessamos a praça e entramos na padaria lotada e fomos atendidos por um jovem que indagou:
- Boa noite, em que posso servi-los?
- O que temos para comer?
- O que vocês quiserem: frango, carne, pizzas, lanches, fazemos de tudo!
 - O restaurante não tem comida e a padaria tem?
- Coisas de Paulista meu camarada!Na padaria fazemos de tudo e revezamos para ir à missa. Aqui ninguém perde a missa, disse com um sorriso maroto, de quem tinha achado a mina de ouro!
Povo devoto,  perde o freguês, mas não perde a missa!




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Cesão
Enviado por Cesão em 20/01/2013
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