O FANTASMA DO CEMITÉRIO
Greto era o apelido de um menino muito travesso. Fazia tudo o quanto era travessura. Mexia com os animais, jogava pedras nos pássaros, jogava pedra nos telhados dos vizinhos, entrava na igreja e batia os sinos em momentos errados, quebra as lâmpadas dos postes de iluminação. Enfim, sempre aprontava uma de suas travessuras. Seus pais o aconselhavam, mas era completamente inútil.
Na cidade em que morava, existia uma celebração festiva, a qual fazia uma homenagem às pessoas falecidas. Era uma semana de festas. Havia música ao vivo, ladainhas, grupos folclóricos, semana de cultura e até recital de poemas promovido pela academia de letras local. Era uma grande festa. Alguns comentavam que até os mortos ficavam felizes por verem o quanto era animada esta festa.
A amigo Greto, mais uma vez, fazia presença em todos os atos da festa. Fazia travessuras, fazia tudo de errado. Alguns ficavam até chateados, mas já se acostumavam com a idéia de Greto: bagunceiro, mas de coração muito bom.
Dentro destas festividades, na sexta-feira, era feita uma cerimônia de encomenda dos mortos. ( Era uma tradição desta festa).
As pessoas se vestiam de roupa branca. Com velas nas mãos, saiam de fora do cemitério e adentravam no cemitério, iam de sepultura em sepultura. Praticamente, demorava a noite toda. Eram cânticos, orações e palmas.
Neste dia, Greto resolveu aprontar mais uma. Arrumou uma capa preta, pintada nas cores vermelha e vinho, desenhou uma caveira com os ossos transversais, do tipo pirata, arrumou uma máscara semelhante ao Saci-pererê, arrumou um bastão, fez alguns chifres na máscara, uma tocha na mão e outros mais. Já se sabe o que Ele fará.
A noite estava linda. A lua despertava toda iluminada. Um calor insuportável, com algumas rajadas de ventos do mês de novembro. As pessoas se concentravam na porta do cemitério. Alguém disse que não tinha visto o Greto, porém comentavam que ele havia esquecido da festa e não iria. O Padre, os Pastores e os grupos religiosos marcavam presença em espírito de concentração.
Assim, iniciaram a caminhada. Iam cantando, rezando, visitando um a um. Em determinado momento, em um cubículo semelhante a um zigue-zague, após o encobrimento da lua por algumas nuvens, ( lembrando que muitos dos participantes iam a esta homenagem, mas com o pé atrás, sentiam muito medo e marcavam presença. No fundo, estavam tremendo de medo) quem estava na frente parou e gritou:
- Meu Deus, apareceu quem eu não queria ver.
Ai, acima do túmulo, depararam com aquela figura monstruosa, de capa preta, com cores vermelhas, máscara de chifres, cajado na mão ou tridente, e dizia:
- Estou muito aflito, vou levar pelo menos uns cem de vocês. Vocês estão violando as leis dos mortos. Hoje é meu dia. Abriu os braços e ameaçou pular. Quem diria.
Lembro que foi gente pulando por todos os lados. Gritos de horror, pessoas caindo e dizendo : salvem-nos Deus, todos os Santos... Em pouco tempo o cemitério ficou vazio.
Ninguém esperava, o amigo Greto sentiu-se realizado, com uma grande euforia, mas não percebeu que um gato branco pulou em sua direção e miando assustado, Greto achou em era um fantasma e saiu correndo.
O povo corria desesperado e Greto corria atrás e gritava, pelo amor de Deus, me esperem, que o fantasma quer me pegar.
No outro dia, o comentário foi geral. O povo correu de medo da fantasia de Greto e Greto correu de medo do fantasma.