O Gatinho
Era uma vez, num castelo,
onde tudo era fantasia,
onde tristeza não havia,
nem bruxa ou fada má...
Tudo ali muito belo,
cheio de paz e alegria.
Não havia guerra por lá.
E o povo que perto vivia
se esbanjava na harmonia,
na fartura, divertimento,
não havia sofrimento.
Ali era o paraíso...
Um Duque, o Castelão,
dizer isso, é preciso,
muito culto, inteligente,
fazia toda a questão
de felicitar toda a gente.
A sua esposa, a Duquesa,
bela, dócil, carinhosa,
e ainda a filha, formosa,
moça de dotes encantadores,
prometida, meus senhores,
a um nobre, desde menina,
costume entre os feudais.
Mas o tempo, na surdina,
passava e passava mais,
e o nobre nunca vinha,
para os sacros rituais.
Vivia em longes terras,
envolvido em duras guerras,
nem aí para a noivinha...
A moça se desenvolvendo,
o corpo já merecendo,
cumprir a sua missão.
E lá no seu nobre quarto,
era com o seu gato,
que ela dormia agarradinha.
A moça foi ficando encalhada,
o nobre nem notícias nem nada
e a coisa estava pegando...
Foi quando a Fada Madrinha,
ao fazer-lhe uma visitinha,
percebendo o desespero,
com muito amor e esmero,
as duas sós, num cantinho,
com a sua varinha mágica,
aquela situação trágica,
resolveu dar um jeitinho.
E com palavras e carinho
tocou com a vara no gatinho,
que se transformou, num instante,
num belo, espadaúdo infante,
trazendo na mão um lencinho,
e, mais moça que a donzela.
Diante da surpresa dela,
fazendo gestos e beicinho,
disse, bem delicadinho:
Beeemmm feeeiiitto, branquela,
quem mandou capar o gatinho...