A GOSTOSA DA CUMADE
Então Maciel, já dizia os mais antigos dos antigos: uma falta não acoberta a outra. Escrevi esse causo com outro nome, com outro enredo, e pouca gente leu. Estou tentando de novo. E o causo é bão dum tanto sô!
A mulher era mais gostosa de que a água que bebiam. Casada com o compadre Zeca Lambão, que já dava sinais de desleixo, depois de dez anos do casamento.
Numa daquelas festas de roça, o safado pretendente, cumpadre Zeca Mascatero, disse para a cumade com as pernas de fora:
- Mais que beleza é essa, cumade?
- Qué comprá?
- Quanto custa uma furmusura dessa?
- Uai, quinhento rear!
- Mais e o cumpade?
- Quele troxa tá maniado cum quenga. Chega noite veia nos dumingo.
- Cumé queu faço?
- Vem pela bera do corgo, no dumingo, no iscurecê!
- Tão tá bão cumade.
- Num isqueça dos quinhento rear! Tô pricisano comprá uns trem...
Depois do fato consumado, pagamento efetuado, aparece o maridão, na madrugada de segunda-feira perguntando:
- O cumpade Zeca num apareceu não?
- Pruquê divia? Perguntava a desconfiada esposa.
- Uai, me pidiu quinhento rear imprestado e falô que passava qui casa pra pagá!
- ...
JOSÉ EDUARDO ANTUNES