A GOSTOSA DA CUMADE

Então Maciel, já dizia os mais antigos dos antigos: uma falta não acoberta a outra. Escrevi esse causo com outro nome, com outro enredo, e pouca gente leu. Estou tentando de novo. E o causo é bão dum tanto sô!

A mulher era mais gostosa de que a água que bebiam. Casada com o compadre Zeca Lambão, que já dava sinais de desleixo, depois de dez anos do casamento.

Numa daquelas festas de roça, o safado pretendente, cumpadre Zeca Mascatero, disse para a cumade com as pernas de fora:

- Mais que beleza é essa, cumade?

- Qué comprá?

- Quanto custa uma furmusura dessa?

- Uai, quinhento rear!

- Mais e o cumpade?

- Quele troxa tá maniado cum quenga. Chega noite veia nos dumingo.

- Cumé queu faço?

- Vem pela bera do corgo, no dumingo, no iscurecê!

- Tão tá bão cumade.

- Num isqueça dos quinhento rear! Tô pricisano comprá uns trem...

Depois do fato consumado, pagamento efetuado, aparece o maridão, na madrugada de segunda-feira perguntando:

- O cumpade Zeca num apareceu não?

- Pruquê divia? Perguntava a desconfiada esposa.

- Uai, me pidiu quinhento rear imprestado e falô que passava qui casa pra pagá!

- ...

JOSÉ EDUARDO ANTUNES

Zeduardo
Enviado por Zeduardo em 28/12/2012
Código do texto: T4057302
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