O FUSCA E A SUCURI
“... o esquecimento que virou lembrança...”
No final do ano de 1969 apresentei pra minha classe, na Faculdade de Filosofia de Presidente Prudente, um seminário cujo título era: "Educação, a profissão do futuro ". Terminado o curso de Pedagogia, fizemos teste para trabalhar num sistema de educação mantido pela CESP que estava iniciando a construção da Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira. Nina, minha amiga e colega, de extrema competência, foi chamada logo de início. Eu só fui chamado no final de Março. Lá chegando, conhecendo o sistema, mais os professores selecionados (mais de 120 ), achei que O FUTURO TINHA CHEGADO... Não vai me faltar oportunidade de narrar a "época de ouro" em que vivemos a Educação.
O "Causo" de hoje envolve dois dos inúmeros professores, que lá conheci e que logo passaram de colegas a fantásticos amigos. Stamato (Satã), professor de Educação Física, mas designado para o cargo de Orientador Educacional, devido a sua rica experiência no então Colégio Vocacional ( se não me engano de Batatais), fechado por ordem da ditadura. Foi ele quem me lembrou deste "Causo"... Hertz Brito, também professor da mesma área, sem origem definida. Fez tantas estripulias que sua origem seria desnecessária pra gente se lembrar dele pelo resto de nossa existência... Mais Educador do que Professor. Jogador de futebol, basquete, Handebol, voilbol, caçador, pescador e tudo mais que se possa imaginar. E tenho mais "Causos" envolvendo a "peça".
Certa vez, durante uma pescaria, conta ele, começou a ser atormentado por uma Sucuri que insistia em roubar iscas vivas que estavam num samburá. Cansado de defender o apetrecho, munido de uma fisga, disparou um golpe certeiro e acabou com a brincadeira (nessa época as leis ambientais eram frágeis e quase inexistentes). Findada a pescaria, passou na casa do Stamato, pra mostrar o resultado da aventura. Lá estava um cunhado do nosso amigo, que era da cidade e nunca tinha visto um bicho daqueles, ao vivo. Mais de 2,50m de comprimento. Admirou-se muito e pra provar aos amigos da capital que não estava mentindo, fotografou-a. Terminado o processo, Hertz pôs a vítima num saco a jogou no porta malas de seu Fusca, verde azeitona, ano 70.
Na segunda feira, deixou o carro na garagem e foi a pé para o CIU (Colégio Integrado de Urubupungá), como era de seu costume. Passou terça, quarta e na quinta feira, Mariza, sua mulher, reclamou que havia um mau cheiro que vinha "num sei de onde"... Aí, caiu a ficha. Abriu o porta malas e o espetáculo não foi dos mais agradáveis... Mandou lavar no posto. Com xampu especial. O cheiro apenas diminuiu, mas muito pouco. A partir dai usou de tudo. Até simpatias, como é próprio dos pescadores. Nada. Deu uma "carregada" a mais de perfume forte e vendeu o veículo em Andradina.
Tempos depois, já esquecido do fato, encontrou o amigo "comprador”, que pra conversar com mais conforto e exibir a aquisição, o convidou pra entrar na viatura, agora toda incrementada com enfeites de lantejoulas e outros badulaques. Foi só entrar e já sentiu o “fatídico cheirinho”. Imediatamente lembrou-se das aulas de Fisiologia da Faculdade: O ODOR É O MAIS IMPORTANTE ESTIMULADOR DA MEMÓRIA NO SER HUMANO. (Oldack/17/05/010)