VELÓRIO MINEIRO
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Recontando Contos Populares
O velhinho – como se diz por aí - já estava com o "pé na cova". Agora, com perto de 98 anos, a hora chegava. Desenganado, os parentes só aguardavam ele entregar a alma a Deus. O velho caboclo meio cego, ausente das coisas, febril, as pernas mortas, já não reconhecia ninguém, certamente não passaria daquela tarde. De repente, sem mais, sem menos, o velhinho, contrariando a junta médica, começou a dar mostras de que voltava à vida.
Ao lado de sua cama, estava o netinho que rendia seu turno. E então daí, um cheiro de pão de queijo saindo do forno chegou até o quarto do moribundo e ele, que não comia havia dias, entrou em êxtase. Sem mais delongas, reunindo as poucas forças, pediu ao netinho: busque para o vovô uns pães de queijo. O netinho foi correndo:
— Vovó, o vovô melhorou e pediu pão de queijo.
— Diz para ele que nada de comer pão de queijo agora, eles são para o velório. ®Sérgio.
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Imagem: Caipira picando fumo. Óleo sobre tela de José Ferraz de Almeida.
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