Ambiguidade

Frederico um tipão viril e bruto, gabava-se na vizinhança de ser o maior pegador que já se tinham notícias. Sua fama de garanhão só aumentava seus numerosos casos conjugais. Todos comentavam da sua bondosa mulher; religiosa, devota a Deus, vestia-se discretamente e seus cabelos eram longos e pretos. Era a própria figura de uma santa. Santa, esta, que deveria aceitar um marido infiel e vagabundo.

Clarice, tinha a simpatia de todos e era muito estimada no bairro. As mulheres, os homens, as crianças e os idosos a amavam pela sua aparente paciência, bondade e tolerância. Santa Clarice!!

Um dia, Frederico desempregado novamente e sem um puto no bolso, foi assaltar o baú secreto da esposa. Sabia que ela fazia artesanatos, costurava, cozinhava. Pensou com seus botões - Que sorte a minha, mesmo traída continua dedicada e fiel, sempre meiga e doce e ria-se da ingenuidade de Clarice. Com esse pensamento estava a destravar o baú, quando este se abriu, quase morreu de susto. Naquele baú tinha fotos de sua esposa semi nua anunciando programas, lingeries, agenda com os números de telefones dos seus clientes. Sua devota esposa era puta!!

Quando Clarice finalmente chegou, Frederico espumando soltou os cachorros - Vagabunda, piranha, vadia, tu és prostituta, maldita. Clarice muito calma respondeu - Da onde achas que vem o dinheiro para sustentar esta casa? Sou puta sim, mas você é gigolô e corno ainda por cima!!

Frederico branco e conformado caiu no sofá e sem pensar disse a esposa - Com quem você vai sair amanhã?

-Com um ricaço bancário, vou faturar R$ 1.000,00 daquele velho babão fora os outros benefícios, da para trocar o carro com essa grana.

Frederico deu um beijo carinhoso na esposa, pegou sua carteira vazia, ela deu R$ 50,00 a ele e o mesmo saiu satisfeito. Assim, a vida voltava ao normal. Pensava consigo - melhor ser corno do que trabalhar!!! Minha amada puta santa Clarice.

Anna Azevedo
Enviado por Anna Azevedo em 19/12/2012
Reeditado em 19/12/2012
Código do texto: T4044049
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