Seu Céu em Nuvens
Era uma noite fria. Já estava tarde e as ruas eram invadidas pela solidão e o silêncio corria pelas esquinas repletas de uma quase-escuridão. Passos apressados. A vontade de chegar em casa era quase incalculável. Seu corpo pedia cama. Tudo que ouvia eram seus passos desajeitados e o assuar do seu nariz irritado pela coriza.
Reparou o céu em nuvens. As nuvens carregadas, estavam prontas para despejar sobre si aquela chuva. Desenhos abstratos estampavam os céus, alguns frutos de sua imaginação. Pura coincidência. Jurou ter visto o rosto de alguém. Sua imagem ainda estava li, escondida em algum canto de sua mente, agarrada às suas memórias.
Pensou consigo mesmo: Preciso apressar os passos. Vai chover! Por detrás de uma das nuvens viu uma única estrela brilhar. Não estava só, haviam outras brilhando com ela mas o seu brilho era mais intenso. Mais perceptível. Transcendia as nuvens, decorava, enfeitava, o embelezava. Assim como uma pintura sobre uma tela em branco.
O céu não deixara de brilhar por conta da chuva que viria. Não deixou de emitir sua mensagem naquela noite para ele. O vento ríspido conflitava sua pele arrepiada. Petrificava seus passos diminuídos lentamente.
Havia muito de si ali. Se viu preso aquele momento.
Iria chover? Sim, mas não naquela noite, naquele céu.
Uma gota de orvalho sequer foi despejada.
O seu céu também estava nublado.
E naquela noite, diferentemente das outras, no seu céu iria chover.
Diferentemente de outros, ali as nuvens desaguariam. E debaixo daquela chuva intensa, o seu céu em nuvens também não deixaria de brilhar.