A Moça de Branco - In-contos d'minutos - Vol I - Causos Caipiras

De antigamente, nos sertões brasileiros havia, ainda, o costume da oralidade, de passar de pai para filho velhos causos contados por gerações.Assim, era que no distante sertão, rodeado por matas, lavouras, criações de porcos, vacas, cabritos. Havia a casa de Juvenildo situada entre meio pastos e invernadas de gado, lá estava com seu compadre, comadre e o filho deste casal chamado Juvêncio.

Noite de lua cheia preenchendo não só o alpendre da casa, como também o quintal e a estradinha cercada de matas virgens que ainda. Contava Juvenildo velho causo acontecido com um amigo:

- Noite alta, lua cheia cuja luz alumiava esta estradinha que aí vocês vêem. Um jovem cujo nome me escapa agora, seguia, tarde da noite, esta estradinha rumo a casa dos pais. Ele caminhava descontraído, quando numa volta da estrada, avistou ao longe aquela mulher de branco; não dava para ver o rosto, mas o sorriso era convidativo e o

aceno a chamar-lhe tirou-lhe toda a razão, sequer conseguia pensar devido a beleza deslumbrante daquela mulher de branco. Assim a seguiu mata a dentro.

Passou o tempo de muito longo, quando, vezmente, este rapaz aparece beira estrada e com gestos de mãos implora chorando numa voz muda...O quê ???. Não se sabe. Sente-se, apenas, tristeza imensa de quem o vê, pois logo some-se na mata sem lua que o acompanhe. Poucos, na realidade, o vêem, mas dizem que na lua cheia e estrada deserta, se você estiver sozinho ele aparece suplicando e chorando.

Juvêncio ao ouvir esta história ri-se a não poder mais. É tudo crendice de velhos caducos que não merecem atenção - pensa ele.

Assim rindo, decidiu partir. Ir para a casa.

Noite alta, lua cheia. A estradinha deserta repleta de mata densa e lua cheia.Juvêncio parte destemido, deixando pai e mãe junto a Juvenildo.

Em meio a estrada, lá pelas tantas, posmente uma curva, ao longe,

Juvêncio adivinha um vulto de eterno branco a sorrir-lhe de longemente

com um aceno convidativo de mão a chamar-lhe. Juvêncio não sente medo, apenas o cérebro estaciona, o não-dizível, o não-acreditável es-

tá ali. O não-real chamando-o como um convite ao amor. Juvêncio não

é dono dos próprio passos e a segue mata a dentro.

Amanheceu. O compadre e a comadre, pais de Juvêncio estão preocupados,pois o filho não chegou.

Passou-se semanas e meses e há quem diga que viu Juvêncio na beira da estrada a suplicar não se sabe o que e chorando sempre.

gerson chechi
Enviado por gerson chechi em 19/12/2012
Reeditado em 19/12/2012
Código do texto: T4043477
Classificação de conteúdo: seguro