O GENIO QUE ESCAPOU DO ABORTO E PRECONCEITO CONTRA A MULHER(3º CAPIULO)

Naquele sertão as pobres mulheres eram simples parideiras tão submissas que em sua maioria não tinha o direito si quer de ser alfabetizadas. Geralmente todo latifundiário considerado rico recebia a patente de coronel, e mandavam e desmandavam. Muitos dos quais eram totalmente analfabetos e nem sabia o significado de sua patente. Certoro não era diferente, casado com Manoela mulher culta cujo enlace arranjado pelo pai, um empresário de cidade interiorana, que embora tenha dado a ela oportunidade de estudar na capital da província a submeteu ao casamento com este matuto xucro. Era como um anel de brilhantes no focinho de um porco.

Esta desigualdade cultural fez com que Manoela usando um método natural e inteligente, optasse por ter apenas um filho, e instruísse sua amiga Laura a fazer o mesmo. Elas só não esperavam que o radicalismo machista do coronel desafiasse a lógica de forma tão absurda, ao ponto de ser punidos pelo destino com a perda dos filhos ainda na adolescência. Só restou Luizinho, fruto do amor proibido. Motivada pelo desejo de em mantê-lo perto si, Manoela conversou longamente com a amiga enquanto seu marido andava pela fazenda, mas Laura foi taxativa. —Comadre o que ocorreu é fato consumado e não temos como reverter à situação. Sou grata a você, que também é vitima do radicalismo de vosso marido. Poderá visitar nosso neto quanta vez quiser, mas me prometa uma coisa não diga ao coronel que este Bebê é seu net. Ao conversar com a madrinha que cuida dele ajudando-me neste momento tão difícil, o ouvi dizendo ela, -- Senhora que coisa incrível como seu filho é parecido com o meu, que faleceu há pouco tempo! Ele pensa que Marli não chegou a dar a luz– Então pelo amor de Deus me ajude, esta é única forma de represália que posso aplicar nele. Espero que ele que ele nunca saiba que tem um neto! —Se isto de satisfaz quem sou eu para opor a sua vontade, mas pense bem se não será melhor vir com a gente unir e criarmos nosso neto junta? Nós não temos herdeiros e este bebê poderá herdar nossa fortuna! – Em primeiro lugar bens materiais não me compram, segundo lugar é Impossível minha querida amiga, imagine eu chegando naquela fazenda e não encontrando minha querida filha Marli e meu marido. O que farei quando cair à tarde e as sombras da noite cobrir o vazio de minha solidão! Ficarei louca só em pensar nesta hipótese. – Mas querendo ou não Luizinho é nosso neto talvez seja injusto privamos o garoto deste direito. --- Ele teve seu direito excluído o dia que vosso marido o condenou a morte exigindo que minha filha o abortasse por considerá-lo como bastardo. Eu não irei esconder a verdade dele, jamais farei isto, mas coronel Certoro não deitará o olho nele como seu neto, também se acredita que não queira um bastardinho como neto. Vou criá-lo a meu modo na pobreza, mas com a dignidade que todo ser humano merece. E farei dele um homem honrado seguindo a vocação que Deus lhe der, se optar por ser um simples carreiro como foram seu avô e bis avô ele será, mas com dignidade e sem preconceito. --Vou respeitar sua decisão afinal que direito tenho eu de impor condições, contento-me com sua permissão para visitar meu neto quando possível.

Sentados a mesa após o almoço, o coronel tomou coragem e comentou; -- comadre Laura eu cometi uma serie de injustiças e deu tudo errado, gostaria que aceitasse minha ajuda, minha intenção era levá-los de volta, mas o destino conspirou contra mim. Estou profundamente arrependido, perdi meu filho, minha afilhada meu neto, que não chegou a nascer, e por fim meu melhor amigo, que sempre o considerei um verdadeiro irmão. Não tem como voltar o tempo e corrigir, revertendo esta situação, mas vamos com a gente farei tudo para amenizar sua dor! -- Coronel faça bom proveito do vosso remorso e de sua fortuna, na fazenda Rancharia não irei nunca mais e só ficarei aqui até este bebê de minha amiga Rosa que foi uma verdadeira mãe na doença de meu marido, atingir a idade escolar vou ajudá-la na educação de seu filho, feito isto estará completamente livre de mim, faça o que bem entender de sua fazenda. –Veja bem tenho uma proposta irrecusável, se amas tanto sua amiga e o bebê como disseste. Levarei Rosa também vou adotar seu filho, e farei dele meu herdeiro!-- Rosa retrucou e porque faria isso coronel?—pela semelhança que tem com o meu falecido filho! Acontece coronel que meu bebê não está à venda e não é gato ou cachorrinho pra se doar! --Olha Rosa tu nunca terás uma oportunidade como esta! Rosa levantou-se de onde estava apanhou Luizinho que dormia numa rede de bambu e disse, até mais ver dona Laura estou indo mais tarde precisando de mim dê um pulo em casa estarei ao seu inteiro dispor, mas agora devo ir antes que o coronel me obrigue a lhe dizer uma serie de verdades que não vai gostar. Laura e Manoela entenderam a atitude de Rosa, e se fizeram indiferentes, dando a impressão, ser realmente ela a mãe do garoto.

Lamentando atitude da mulher, o coronel ordenou a esposa ir a sua procura a fim de convencê-la aceitar sua proposta. Manoela recusou, mas Laura esperta como sempre a incentivou dizendo que iria com ela, a procura de Rosa. Certoro caiu como um patinho cheio de expectativa aguardou ansioso. Recomendada pelas duas, Rosa só apareceria com o garoto no dia seguinte quando o coronel e sua esposa estivessem bem distantes voltando pra sua fazenda Rancharia.

(Continua na próxima semana)

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 17/12/2012
Reeditado em 29/01/2013
Código do texto: T4039737
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.