Uma visita para o analista de Bagé
A ideia de se consultar com um analista não animava muito Seu Leonardo. Não que não precisasse, pois se estavam dizendo que ele precisa então deveria ser verdade, mas o que pesava era o fato de ficar choramingando seus problemas para um estranho.
Decidiu que iria se consultar com um tal de analista de Bagé, moço muito respeitado aqui no sul.
- Fique a vontade vivente. – Foi o que disse o analista logo na chegada.
- Pagando 400 contos pela consulta eu fico do jeito que quero índio veio.
- O senhor vem de onde?
- Da sala de espera doutor.
- Não, eu digo qual a sua procedência?
- Do ventre da minha mãe, que Deus a tenha.
O analista suspirou.
- Há ta bom. Diga-me uma coisa vivente, o que você sente?
- Bem na verdade doutor eu sinto não poder vender meu fusca. Ele ta em bom estado, mas ninguém mais quer pagar o que vale um fusquinha. O senhor por um acaso não estaria interessado no fusca?
- Não obrigado. Mas o que quis dizer qual é o problema vivente?
- O problema! Olha não tem muito problema, só a porta que você tem que bater forte senão não fecha.
- Não to falando do fusca. To falando de você.
- Mas eu não to a venda doutor. Não me leve a mal, mas sou muito velho para isso.
- Estou querendo saber a troco de que o senhor esta aqui?
- A troco de 400 conto que a moça me cobrou ali na porta.
- Eu sei. Mas o que eu posso fazer pelo senhor?
- Olha já que o senhor esta se oferecendo, eu tenho um campinho de terra para capinar, a veia quer uma horta, mas minhas costas tão arrebentadas, o senhor pode capinar por mim.
- Não é isso. Eu quero saber por que o senhor esta aqui? O que o senhor veio fazer aqui?
- Há ta entendi. Eu vim me consultar com o Doutor!
- E porque o senhor veio se consultar comigo?
- Porque me recomendaram, disseram que o doutor era bom. Eu tava pensando em procurar um mais barato, mas depois que a gente fica velho o que menos importa é a nossa vontade!
O analista batia com a caneta em cima do bloco de papel ainda em branco:
- Pois bem seu Leonardo. Vamos encerrando a consulta por aqui.
- Mas já doutor? E o que eu tenho?
- O senhor tem um fusca para vender.
- Não doutor, eu quis dizer o que eu to sentindo?
- O senhor sente não vender seu fusca.
- Não doutor, que quero saber o que faço para acabar com meus problemas?
- Olha, leva o fusca no mecânico e manda arrumar a porta, custa baratinho.
- O senhor não vai me recomendar nenhum remédio?
- Sim vou. Capinar um campinho de terra é o único remédio para seus problemas.
- Pelo visto perdi meu tempo aqui. O senhor não sabe nada.
- Na verdade eu sei como ganhar 400 conto em dez minutos.
Depois desse dia, Seu Leonardo nunca mais foi num analista. Ele ainda lembra-se das últimas palavras do doutor.
- Vai devagar Seu Leonardo, que vai da tudo certo.
Decidiu que iria se consultar com um tal de analista de Bagé, moço muito respeitado aqui no sul.
- Fique a vontade vivente. – Foi o que disse o analista logo na chegada.
- Pagando 400 contos pela consulta eu fico do jeito que quero índio veio.
- O senhor vem de onde?
- Da sala de espera doutor.
- Não, eu digo qual a sua procedência?
- Do ventre da minha mãe, que Deus a tenha.
O analista suspirou.
- Há ta bom. Diga-me uma coisa vivente, o que você sente?
- Bem na verdade doutor eu sinto não poder vender meu fusca. Ele ta em bom estado, mas ninguém mais quer pagar o que vale um fusquinha. O senhor por um acaso não estaria interessado no fusca?
- Não obrigado. Mas o que quis dizer qual é o problema vivente?
- O problema! Olha não tem muito problema, só a porta que você tem que bater forte senão não fecha.
- Não to falando do fusca. To falando de você.
- Mas eu não to a venda doutor. Não me leve a mal, mas sou muito velho para isso.
- Estou querendo saber a troco de que o senhor esta aqui?
- A troco de 400 conto que a moça me cobrou ali na porta.
- Eu sei. Mas o que eu posso fazer pelo senhor?
- Olha já que o senhor esta se oferecendo, eu tenho um campinho de terra para capinar, a veia quer uma horta, mas minhas costas tão arrebentadas, o senhor pode capinar por mim.
- Não é isso. Eu quero saber por que o senhor esta aqui? O que o senhor veio fazer aqui?
- Há ta entendi. Eu vim me consultar com o Doutor!
- E porque o senhor veio se consultar comigo?
- Porque me recomendaram, disseram que o doutor era bom. Eu tava pensando em procurar um mais barato, mas depois que a gente fica velho o que menos importa é a nossa vontade!
O analista batia com a caneta em cima do bloco de papel ainda em branco:
- Pois bem seu Leonardo. Vamos encerrando a consulta por aqui.
- Mas já doutor? E o que eu tenho?
- O senhor tem um fusca para vender.
- Não doutor, eu quis dizer o que eu to sentindo?
- O senhor sente não vender seu fusca.
- Não doutor, que quero saber o que faço para acabar com meus problemas?
- Olha, leva o fusca no mecânico e manda arrumar a porta, custa baratinho.
- O senhor não vai me recomendar nenhum remédio?
- Sim vou. Capinar um campinho de terra é o único remédio para seus problemas.
- Pelo visto perdi meu tempo aqui. O senhor não sabe nada.
- Na verdade eu sei como ganhar 400 conto em dez minutos.
Depois desse dia, Seu Leonardo nunca mais foi num analista. Ele ainda lembra-se das últimas palavras do doutor.
- Vai devagar Seu Leonardo, que vai da tudo certo.