QUASE UM WORKAHOLIC

Workaholic, para quem ainda não sabe, é uma gíria em inglês que significa alguém viciado em trabalho; um trabalhador compulsivo e dependente do trabalho. Os chamados workaholics gostam de trabalhar. Sentem-se até felizes com seus exageros. Anseiam pela segunda-feira e aí sofrem quando encontram as pessoas "normais" e aqueles que não só odeiam as segundas como todas as outras feiras da semana. Precisar trabalhar faz parte, mas gostar de trabalhar, isto é só para alguns. Estressam-se ainda mais quando encontram pela frente os preguiçosos físicos e mentais. Estes obtruem tudo.

O besta do Nino, além de gostar de trabalhar, ainda carregava alguns preguiçosos, malandros e até esforçados chefes e lacaios. Qual o chefe que não gosta, ou precisa, de ter ao seu lado "carregadores de piano", os workaholics? Estes o promovem, pois o chefe é quem se beneficia dos sucessos obtidos pelos seus comandados. Aí, de vez em quando, as administrações do banco promoviam um rodízio dos chefes de setores. Era uma "beleza"! O amigos para os setores "estratégicos"; os que "não cheiram nem fedem" para os de pouca importância; e os que incomodam para os setores "castigo".

Certa vez, mandaram para o setor de câmbio, no qual Nino trabalhava, um daqueles despreparados. Não sabia sequer fazer o "o" em inglês e mal sabia geografia (conhecimentos necessários para a função). Era para ser carregado pela equipe. Como o comércio exterior é muito dinâmico em razão do relacionamento internacional, com tudo que implica (fuso horário, bolsas e mercados), muitas vezes não era possível adiar procedimentos, operações e atendimentos aos clientes. Por causa disso, por alguns anos, Nino deixou de gozar do intervalo para café e, pior, não tinha hora para almoçar. Era qualquer uma entre as 14 e 16 horas.

Pois bem, um dia chegando 20 minutos atrasado,Nino apressou-se em comunicar ao tal chefe que compensaria aquele tempo no mesmo dia, após seu expediente normal.

-Da próxima vez você deverá assinar em folha suplementar de presença - ameaçou o chefe.

Nino desejou virar-lhe as costas, mas a responsabilidade para com os clientes falou mais alto.

-Sim, senhor!

Quatorze horas e vinte minutos, Nino deixa tudo o que estava fazendo e que era de sua responsabilidade, e vai embora deixando o chefe na maior "roubada". Nunca mais o cara ousou ameaçá-lo. Alguém deve ter dito a ele pra largar de ser "besta".

AGOSTINHO PAGANINI
Enviado por AGOSTINHO PAGANINI em 10/12/2012
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