Quando ele entendeu
Tentou descrever aquela sensação, aquele sufoco no peito que o acompanhou durante o dia inteiro. Palavras congestionadas no meio da garganta deram um nó, calou a sua voz. Queria gritar, sair por aí sem rumo certo pra ir ou vir. Estava se sentindo pressionado de todas as formas, por todos os lados. Até a respiração pesou e se pegou chorando, agoniado. Tendo que conter tudo bem ali no peito e organizar tudo na mente. O mais difícil sempre foi manter.
As circunstâncias sempre tiveram a capacidade de sugar suas forças aos poucos e ele sempre se via forçado a mudar com elas ou diminuir seus passos para poder, ao menos, chegar em um lugar seguro. Ser circunstancial durante muito tempo o impediu de seguir diversas vezes, de diversas formas diferentes. Sempre empacava. Sempre se pegava implorando por uma ajuda que não viria, pq o que tinha de ser feito, teria de ser feito por ele mesmo. Ele só não enxergava isso na época. Algumas vezes a vida tentou cegar seus olhos, tentou distorcer as coisas, mesclar o real e o fantasioso, a verdade e a mentira, o amor e as paixões. Tentou lhe derrubar, lhe insensibilizar, lhe tornar alguém frio, frágil e vulnerável. A vida tentou fazer ele desacreditar, mas ele preferiu continuar crendo. Escolheu não se deixar controlar, subjetivar. Escolheu absorver o que lhe acrescentava, lhe fazia crescer, escolheu o que guardar em seu coração e o que jogar fora, para onde focar seus olhos, o que ouvir ao invés de só escutar. Ele não mantinha o controle daquilo que chegava até ele, do que as pessoas falariam e pensariam ao seu respeito mas percebeu que poderia escolher não se importar, que poderia escolher separar as coisas em dois grupos: As que mudariam a sua vida e as que não mudariam. Ele entendeu que poderia ser moldado pelas circunstâncias, contanto que o molde não altera-se a sua forma e essência.