"Moça " - In-contos d'minutos. Volume 1 - Causos Caipiras

Lá no interior, fundão do Estado onde os sertanejos cuidavam de suas roças e plantações, havia as casas de Jose e Joaquim. Ambos de amizade do sempre, auxiliavam-se sempremente um ao outro.

Noite adentro, debaixo da escuridão, do negrume da noite, em que a única luz era a lua cheia pendurada no teto da noite, estavam eles no

alpendre da casa de Jose a conversarem, a contar causos que por aquelas bandas andavam de boca a boca no acreditável do sempre verdade.

Além de Jose e Joaquim estava ali o filho de Jose, de seis ou sete anos, sentado no chão a ouvir os causos contados por ambos.

Jose, de simples figura, magro de todo, riso próprio do sempre circunstância, rosto de igual magro, barbado da mesmice, cigarro de palha à boca, fumegava contando causo recente.

- Sabe o filho do Malaquias ??. Sabe, por certamente. À noite que houve o baile da colheita ??. Pois, lá estava ele, alegre, feliz, que no meio da multidão encontrou ele aquela jovem linda de contos de fada.

Amou ela, dançou com ela a noite toda. " Mulher parideira, mãe de meus filhos " - pensava o filho de Malaquias.

- Você sabe ?? - perguntou Jose.

- Ouvi falar. Mas o que tem isto ?? - respondeu Joaquim.

- Não sabe o resto da história ?? - indagou Jose.

- Não. O que se tem para saber ?? - perguntou Joaquim.

O filho de Jose sentado no chão, de igual, acompanhava a resposta do pai, ansioso que estava. O pai respondeu a Joaquim :

- Pois é. Ao término do baile, o filho de Malaquias resolveu acompanhar a jovem até o sítio em que ela morava.

- E daí ?? - interessado perguntou Joaquim.

- Foram os dois rumo ao sítio dela. O filho de Malaquias não conhecia

ela; sabia, apenas, que ela era linda. Digna de ser sua esposa e mãe de seus filhos. Ele carecia dela como do ar que respirava.

- E ??? - continuou incrédulo Joaquim.

- Ele a acompanhou. Longemente foram, saindo dos limites da cidade

e chegando a um canto onde muros altos por inteiro cercavam aquele

sítio, viu-se no meio dos muros um portão alto com letreiros acima.

- É aqui que eu moro - disse ela.

O filho de Malaquias, estupefato, leu os letreiros acima do portão que dizia apenas : " CEMITÉRIO ".

gerson chechi
Enviado por gerson chechi em 28/11/2012
Reeditado em 01/12/2012
Código do texto: T4009680
Classificação de conteúdo: seguro