SAUDADE DO MEU AMIGO ALIENÍGENA (EC)
Tudo começou em Arraial do Cabo - Rio de Janeiro.
Eu vinha do supermercado e resolvi parar perto do Cais para descansar e olhar a Lua se banhando no mar quando do nada surgiu um homem na minha frente. Não era um homem comum.
Fiquei surpresa. Ele me olhava com um misto de doçura e curiosidade .De onde ele saira? Por que me olhava daquele jeito?
Ao fazer menção de me levantar fiquei assustada quando ele me disse: Fiiiica aaaqui, sooou amiiigooo.
Comecei a sentir medo mas seu olhar penetrante e doce ,estranhamente, me acalmou.
Sentou-se ao meu lado e com muita dificuldade contou-me sua história.
Ele, diferente dos outros alienígenas, não era de Marte.
Com a decisão dos cientistas de rebaixarem Plutão à categoria de Satélite, ele entrara em depressão e num descuido caiu da nave indo parar na Praia dos Anjos e ficara encantado ao me ver. Eu era a primeira mulher do Planeta Terra que ele via.Ele gostou da cor dos meus cabelos e pele - naquele tempo eu era bem moreninha.
Perguntei-lhe como aprendera a falar nosso idioma,ainda que precariamente. Ele disse-me que sua família abduzira um homem para que o mesmo ensinasse vários idomas a eles.Tinham propósito de vingança contra os tais cientistas mas que isso não chegou a acontecer e o homem foi devolvido na Praia da Barra da Tijuca. O homem não falava inglês mas aproveitaram-no para aprenderem a nossa língua.
Ele achava que permaneceria mais ou menos um mês em Arraial até que mantivesse contato com a nave mãe e, nesse período, queria ser meu amigo. Argumentei que isso seria muito estranho à minha família e, na época, marido.
Fiquei ainda mais surpresa quando ele me revelou que somente eu poderia vê-lo. Eu fora escolhida para ser sua amiga. Nada de ruim me aconteceria. Pediu-me que não revelasse a ninguém suas características físicas.
Sou assumidamente medrosa mas aceitei ser amiga dele. Durante 23 dias sempre dei um jeito de ir,ao anoitecer, à Praia dos Anjos para conversar com meu amigo. A proximidade da minha casa com a praia e o hábito de saudarmos o pôr do Sol com palmas facilitava minhas idas.
Lembro-me bem do dia da sua partida. As estrelas e a Lua faziam uma farra nas águas quando perto dos barcos surgiu uma luz intensa. Era o sinal para que ele embarcasse para seu planeta - Satélite.
Olhamo -nos com carinho e ele susssurou: Luuu minhaaa aaamigaaa.....
Vi os olhos de APS brilhando de saudade. Como surgira ele se foi - abruptamente.
Vocês não vão acreditar mas certa noite ao olhar o céu da minha janela decifrei o nome dele
A MIGO
P ARA
S EMPRE
Nas noites solitárias eu olho o céu e procuro por ele.
APS, nossa amizade é e sempre será linda porque teve o céu, as estrelas, o mar, e a Lua como testemunhas.
Saudade, meu amigo.
(Este texto faz parte do Exercício Criativo (EC), sob o título “SAUDADE DO MEU AMIGO ALIENÍGENA”, outros textos abordando o mesmo tema podem ser encontrados neste endereço: http://encantodasletras.50webs.com//meuamigoalienigena.htm )