O POAEIRO
O velho Chico Poaia, assim era conhecido por todos. Todos os dias ia e voltava da mata bruta à procura do vegetal medicinal, no seu barraco, preparava seu alimento e à noite descansava. E nessa constante rotina acabou-se por ser acometido por uma febre terçã. A doença foi avançando, chegando a um estágio que seu Chico não aguentava mais se levantar da tarimba e não conhecia por ali perto, nenhuma viva alma que pudesse ajuda-lo. Assim solitário e sem poder mais levantar-se pra nada, eperava somente a sua hora fatídica chegar.
De repente um índio Parecis, entrou em seu barraco e o olhou de cima abaixo e sem dizer palavras saíu, voltando logo mais acompanhado de diversos companheiro de sua raça, entre eles, um com aparência de mais idade, o que se supunha, tratar-se do pajé, que ordenou em sua língua materna, que acendessem um fogo numa trempe na qual seu Chico acostmava-se a cozinhar seus alimentos.
Seu Chico, que não tinha mais forças nem mesmo para falar, mas escutava e enxergava muito bem, começou a pensar consigo mesmo, esses índios devem ser antropófagos e eu serei o banquete deles, as no estado em que estou, só vão encontrar ossos para roer. Também pra mim tanto faz ser morto pelos índios ou pela doença.
Quando as chamas já estavam bem acesas, ao comando do suposto pajé, dois índios pegaram-no pelos braços e pernas e o balançaram como se brincando com uma criança, isso o despindo, balançaram-no diversas vezes, quase o encostando nas chamas. Sentiu seu corpo arder no clor do fogo e logo pensou, agora que vou virar churrasco, em seguida os índios o jogaram numa bacia de água fria.
Vestiram-no e o deitaram novamente em sua tarimba, dando lhe de beber numa cuia um caldo morno que não soube definir o gosto. E sob os cuidados desses índios em poucos dias estava totalmente curado.