A TEMPESTADE...o vento havia mudado de direção; do oeste...
O vento havia mudado de direção; do oeste uma nuvem negra surgia silenciosa sobre as montanhas. De repente formou-se um temporal sobre o vale, deixando assustadas nós crianças de camisas abertas e barrigas sujas de terra. Era eu o menorzinho, apenas um garoto de quatro ou cinco anos. De granizo a chuva caía barulhenta sobre a mata e sobre nós que felizes corríamos catando aquelas pedrinhas de cristais pelo chão. Lambíamos e chupávamos aquelas pedras , além de esfregá-las pela barriga, só pra sentir aquele friozinho gostoso,,,de arrepiar, enquanto raios caíam por toda parte tentando nos expulsar em vão. A princípio, a chuva que era apenas de granizo, inundou de repente aquele vale e a estrada e tudo escureceu de repente...corríamos grande risco de nos perdermos. Trovões barulhentos tremiam a terra e o céu queria desabar com o seu rugir e o vento forte parecia querer nos sugar com tamanha força.
Aos poucos o medo tomou conta de nós e nossos frágeis corpos tremiam com o frio que rapidamente nos envolveu. Tudo escuro e eu tinha medo, muiito medo e chorava ! Tudo parecia terminado para nós com aquela água subindo cada vez mais para o nosso desespero. Meus dois irmão mais velhos que eu não sabiam o que fazer, quando alguém, segurando-me pelo braço me disse: para casa, menino! Para casa! Vamos, vamos! Era o meu saudoso pai que veio ao nosso encontro, desesperado! Pegou-me nos braços fortes e quentes, aconchegando-me ao seu peito estufado de amor...saudades, meu véio!...