A DAMA DO CEMITÉRIO( 2º CAPITULO )

Através da ex-empregada Rosa chegou às mãos de Silvia, um bilhete de Marcos, nele o rapaz afirmava que ia partir para a capital, pois, não conseguia tirá-la do pensamento, mas antes queria pelo menos um beijo seu. De coração partido Silvia respondeu através de outro bilhete, que o melhor mesmo seria ambos esquecer que um dia se conheceram. Arrasado o rapaz vagava sem rumo pela cidade, saiu do emprego se entregou completamente ao desprezo, deixou a barba e cabelo crescerem abandonou tudo até a boemia ele baniu de sua vida. Sua mãe uma lavadeira que foi abandonada pelo marido o criando sozinha com muitas dificuldades, já não tinha mais saúde para sustentar a casa. Começaram a passar privações, faltava tudo em casa. Silvia quando tomou conhecimento da situação, procurou um amigo, que também era amigo de Marcos do tempo de escola e o pediu para ajudá-lo. Deus sempre é providencial, e na mesma tarde daquele dia, Sergio o encontrou na rua por acaso, não o reconheceu. Marcos o cumprimentou pelo nome. – Me conhece de onde rapaz? –Sou Marcos estudamos juntos não se lembra de mim? – Não acredito o que está acontecendo parece um mendigo, que bicho te mordeu? Não é você aquele galã disputado pela mulherada desta cidade?--Era meu amigo não sou mais! – Entre no meu carro vou levá-lo a sua casa!Marcos recusou Sergio se esbravejou insistiu e ele obedeceu, chegou a casa sua mãe demonstrou uma alegria enorme com a atitude do amigo. --Eu não tenho nem um simples café a lhe oferecer seu moço, mas saiba que a partir de hoje o colocarei em minhas orações para o resto da vida, eu já nem sei o que fazer com esta criatura. Abandonou tudo até a maldita bebida que nos causou problemas à vida inteira ele deixou de vez, mas do que valeu se transformou neste espectro de gente a perambular sem rumo pelas ruas enchendo-me de preocupações! Está pior que um palhaço apupado pelos moleques de rua.

Sergio era filho de um rico fazendeiro, convenceu Marcos a se mudar com a mãe para fazenda de seu pai. Sem nenhuma prática na lida da roça, ele enfrentou sérias dificuldades até se adaptar, mas estava disposto a enfrentar o que desse e viesse pela frente, e provar a si mesmo que era possível mudar. Não tardou se revelou um eficiente empregado, a mãe trabalhava como domestica na cozinha da fazenda e passaram a ser considerados como os melhores empregados, ela como cozinheira e ele na lida do gado não deixavam nada a desejar. -- Quem te viu e quem te vê essa era uma frase de elogio que Marcos sempre recebia da peonada e até mesmo do patrão.

Em fim numa quermesse junina houve sua troca olhares com uma camponesinha filha de um colono morador na fazenda e pela primeira vez após aquela fase depressiva a mãe o viu sorrir novamente. Seus olhos que até então perderam o brilho voltaram a brilhar. Feliz a mãe louvou e deu graças a Deus.

Sergio jamais tocou no assunto a respeito de Silvia, não que não soubesse que sua paixão o havia colocado no fundo do poço. Ao contrário de Silvia que jamais o esqueceu, e sempre quis o melhor para seu amado. Sergio a matinha informada de todos os detalhes ocorridos com o amigo. Eram realmente, uns amigos sinceros e verdadeiros. O que ela mais desejava era vê-lo recuperado, sentia-se culpada pela desgraça do rapaz, queria se vir livre do peso de consciência afirmava ao seu amigo Sergio. Mas no fundo era seu amor doentio que falava mais alto. Quando soube da camponesinha através do amigo passou varias noites em claro houve perda de apetite, e na balança vários quilos a menos foram contabilizados. Seu pai preocupado com sua decadência sugeriu a procurar um medico, mas Amélia interferiu dizendo que a data do casamento aproximava era mais que natural a filha emagrecer.

Silvia foi sincera e abriu o jogo com seu noivo, dizendo que desde a infância amava outro e poderia vir a não lhe fazer feliz. Ele ponderou amá-la também desde a infância e que com o tempo ela viria amá-lo da mesma forma. O enlace se realizou com toda pompa e luxo, Marcos soube através da imprensa local que deu destaque absoluto nas primeiras paginas dos jornais da cidade. Apesar do sofrimento manteve-se firme era outro homem e seu compromisso com a camponesinha era fato consumado a data de seu casamento aproximava, ele baniu de vez aquele seu amor do pensamento.

Silvia foi morar na capital onde o marido exercia sua profissão com competência e brilhantismo, tornou-se um ás na medicina, adquiriu fama e muito dinheiro. Silvia não o amava e ele sabia, mas nem por isso deixou de ser um bom marido. Morava com a sogra, aliás, a sogra morava com ela desde que se casou e seu marido construiu sua residência. Uma luxuosa mansão, Noêmia, a sogra era uma espécie de governanta na mansão do casal. Silvia nunca se sentiu como dona de casa, tinha a estranha sensação de ser apenas uma hóspede. Vivia sonhando acordada, com os seus devaneios, fingia ser a camponesinha colocando-se em seu lugar lmaginariamente, lavando roupas na fonte carregando feixe de lenha na cabeça com seu filhinho enganchado em suas cadeiras. –Ah como ela trocaria todo o seu luxo só para receber seu amor ouvir o tropel do cavalo chegando, preparar-lhe um banho de bacia, remendar sua roupa, passar-lhe um café num fogãozinho simples cheirando reboco de estrume com terra de formigueiro fresquinho. Naquela vida abastada ela tinha tudo, mas faltava o principal a sua felicidade.

Visitava seus pais constantemente, tinha seu carro e um motorista a sua disposição, viajava quando bem queria não tinha nem uma obrigação domestica Noêmia a sogra era quem cuidava de tudo. Não tinha filhos, porque nasceu estéril, mais um motivo que a levava a invejar aquela camponesinha. Marcos havia se casado e pai de quatro lindos filhos, dois casais adoráveis. Trabalhava como gerente na fazenda que passou a pertencer ao amigo Sergio.

Apesar de sua frieza com o marido, Silvia vivia harmoniosamente bem, a sogra lhe considerava como filha, este fator fizera com que ela tomasse a mais difícil atitude de toda a sua vida arrancar aquele amor doentio de seu coração. Mergulhada na solidão ela lia e relia os bilhetes de amor que matinha guardada desde a infância. Decidiu enterrar aquele bauzinho com todas as juras de amor se desfazendo do único bem que a vinculava ao seu passado. Viajou a sua terra natal e La com o coração partido enterrou seu sonho.

Os anos passaram amadureceu sua vivencia, tornou-se uma cinqüentenária. Seu marido numa leve queda na escada do hospital bateu com a cabeça e veio a falecer. Foi um grande choque, ela nunca o amou, mas conviveu com ele e o respeitou como uma verdadeira e dedicada esposa. A sogra transtornada com a perda do filho viu nela seu ponto de apoio e foi correspondida. Silvia sentiu que estava na hora de retribuí-la por toda sua dedicação carinho e compeenção. Mas o destino parecia conspirar contra ela, assim que Noêmia se restabeleceu e parecia ter superado a perda do filho. Seus pais que se quer uma simples dor de cabeça sofreram em toda a vida foram atacados por uma enfermidade não diagnosticada tiveram que se submeterem a um rigoroso tratamento. Ela teve que deixar a sogra na capital para cuidar dos pais. De volta a sua terra a natal sentiu uma grande decepção Marcos estava viúvo e mudara para a capital donde os filhos haviam concluído seus estudos e estavam sendo bem remunerados trabalhando como empregados. Embora ela nunca desejasse a morte da esposa de Marcos, ela viu surgir uma remota oportunidade de reencontrá-lo, reacendeu uma pequena chama de esperança na realização de seu adormecido sonho de amor.

A doença dos pais se alongou demasiadamente ela dedicou todo o seu tempo e carinho a eles. Falecerem os dois quase ao mesmo tempo, com o sofrimento daquela desconhecida enfermidade, resignada ela manteve-se firme. Passado certo período ela resolveu atender aos apelos da sogra que clamava sua presença na capital exigindo seu retorno a fim de assumir os bens deixados pelo marido.

/Continua na proxima semana/

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 19/11/2012
Reeditado em 19/11/2012
Código do texto: T3993496
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