O MOTORISTA DA SOGRA

Durante os vinte anos que ficou casado, Aristeu tornou-se muito amigo da sogra, que acabou adotando-o como um filho, pois davam-se tão bem que até a mãe dele ficava enciumada. Ele era folgado, almoçava, jantava e pegava dinheiro emprestado com a sogra, mas nunca devolvia. Mesmo assim, eram muito amigos. Aristeu e a sogra viviam para cima e para baixo, dia após dia, juntos o dia todo nos finais de semana, pois as semanas para Aristeu eram muito complicadas devido ao seu trabalho. Em determinado tempo, a sogra decidiu propor ao nosso herói, uma parceira que ajudaria ambos, pois ela precisava locomover-se e não tinha automóvel. Pagar pelo preço de um taxi ficaria uma fortuna ou usar transporte público também era ruim, pois pela idade dela, o sobe e desce dos coletivos não faria bem à sua saúde. Foi aí que a sogra propôs encher o tanque do carro, a troco de algumas corridas para ir ao supermercado, visitar alguns parentes, ir até a farmácia e ás vezes ao médico. Como as distâncias não eram tão longas sempre sobrava uma quantidade considerável de combustível, que ficava para o Aristeu, como pagamento pelo serviço prestado. No início, tudo parecia um mar de rosas, pois era ‘’minha sogrinha para cá’’, ‘’meu querido genro para lá’’ e tudo ia bem, até que um dia o Aristeu levou a sogra em um domingo de manhã, em um sítio para visitar um parente que havia ficado muito doente e sem recursos para o tratamento. Bondosa como era decidiu ajudar o tal parente passando o domingo no sítio com o propósito de amenizar o sofrimento dele. Aristeu ficou de buscá-la à tardezinha, lá pelas 17:00hs. O domingo foi um sossego, pois nosso amigo decidiu ir para a beira do rio e dar uma pescadinha e quem sabe com um pouco de sorte, levaria alguns lambaris para o jantar! Sossegado como era, mas também sortudo, Aristeu pegou os seus peixinhos, voltou para casa, tomou um belo banho após limpar os peixes e começou a preparar a fritura. Depois de meia hora o peixe estava pronto, que junto com uma cervejinha, Aristeu saboreou e depois caiu na cama, acordando somente na segunda feira cedinho para ir trabalhar. Preparou-se, tomou café da manhã e foi trabalhar, foi quando lá pelas quinze horas, recebeu um telefonema da sogra muito brava, que o xingou de tudo que era nome, pois teve que passar a noite no sítio do parente e para voltar para casa, precisou vir de carroça puxada à cavalo, pois lá se nem luz elétrica tinha, imagine carro ou telefone. A sogra ficou brigada com ele por mais de um mês, não aceitava conversar com ele de jeito nenhum, até que um dia, precisou urgentemente ser levada ao médico. Adivinhem quem a levou? Exatamente, Aristeu, eles juntos novamente, um pouco distantes, mas juntos. Depois de atendida pelo médico, voltaram juntos e iniciaram um conversa leve, como se nada tivesse acontecido, até que ela não se conteve e perguntou ao Aristeu, o que havia ocorrido que ele havia a deixado passar a noite no sítio?

Com a maior cara de pau, ele disse que havia sido pego pela fiscalização da associação dos taxistas da cidade, que o mantiveram preso até o outro dia, incomunicável, até que fosse esclarecida a razão de ele estar trabalhando sem licença. A coitada da sogra acreditou e perguntou a ele quanto ficava a tal licença e ele mais uma vez com a maior cara de pau, disse que ficava em quinhentos reais. A sogra comovida por ele ter passado a noite preso, deu-lhe o dinheiro imediatamente. Aristeu agradeceu, mas disse que ainda tinha um outro probleminha. Ele não poderia mais levá-la para todo lado apenas pelo combustível, pois como havia tornado-se profissional, teria que seguir o taxímetro, porém para ela, ele daria um desconto, ela cobraria sempre ‘’só a bandeira um’’!!! Além de folgado, Aristeu havia acabado de tornar-se um explorador de velhinhas indefesas......ou seria de uma sogra indefesa?

Geraldo Cossalter
Enviado por Geraldo Cossalter em 10/11/2012
Reeditado em 10/11/2012
Código do texto: T3979504
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