O MILAGRE DA MEDALHINHA DE OURO (2ª PARTE)

Voltou a chover forte dificultando ainda mais o trabalho dos bombeiros. No hospital Jorge e Amália permaneciam sedados, assistidos por uma equipe médica, e dois de seus filhos que os acompanhavam. Outros dois montaram vigília a margem do rio no local da tragédia. Apesar da chuva torrencial que caia sem trégua os bombeiros conseguiram resgatar alguns veículos, cujos ocupantes estavam presos pelos cintos de seguranças.

As mais variadas opiniões surgiam com respeito ao uso deste equipamento, que tanto salva como também pode levar seu usuário ao óbito. Dependendo da conseqüência de cada acidente ocorrido. A expectativa era enorme e angustiante, um trabalho lento e de certa forma muito arriscado. Caiu a primeira noite e as equipes de resgate se recolheram numa barraca de lona no acampamento montado nas imediações. Os irmãos de Claudio voltaram a suas residências com esperança de sucesso na próxima etapa de buscas.

Os trabalhos recomeçariam na manhã seguinte. Enquanto isso no hospital os médicos avaliando as condições do casal Jorge e Amália, suspendeu os sedativos, aconselhando aos filhos nada esconder dos pais e mantê-los informados sobre o desenrolar dos acontecimentos, para que pudessem assimilar a dura realidade dos fatos.

Amanheceu o segundo dia sem chuva, mas o céu coberto por um intenso nevoeiro, com possibilidade de desabar um novo temporal a qualquer momento. Reunidos no hospital os quatro irmãos, decidiram acatar a opinião dos médicos, entraram no apartamento aonde os pais se encontravam e os colocaram a par dos acontecimentos do dia anterior, pediu calma dizendo que eles deveriam ser fortes, pois nenhuma possibilidade de sobrevivência haveria naquela terrível tragédia. Amália como sempre decidida e forte manifestou seu desejo de ir ao local acompanhar os trabalhos de resgate, Jorge não concordou. Mas ela com sua garra como sempre fazia em situações idênticas se esbravejou. —Meu filho não morreu--, meu coração de mãe não se engana e lá no fundo de minha alma ele me diz que ele está vivo! Não importa as condições que vão encontrá-lo, mas ele está vivo. Pode até encontrar seu carro no fundo daquele rio, dentro não vai encontrá-lo. Tenho certeza ao sair de casa nós rezamos juntos e ele beijou uma medalhinha da mãe de Deus que eu lhe dei e ela o salvou. – Mamãe que bom seria se esse milagre aconteceu, mas a senhora está abalada é muito natural nutrir esperanças, sejamos realistas, vamos segurar na mão de Deus para que possamos superar esta dor, quantos estão passando pelo mesmo sofrimento que o nosso, sejamos fortes, nós somos iguais a eles também, e fomos escolhidos pelo destino que nos premiou, com esta provação. – Filho coração de mãe não engana, Claudio está vivo, eu tenho certeza. —Deus permita mamãe, é a coisa que nós mais desejamos, mas se ele precipitou naquele rio não há a menor possibilidade, de ser encontrado com vida. Vamos pra casa lá a senhora e o papai aguardam. Nossa única esperança é que encontre seu carro o mais rápido possível, para providenciarmos seu sepultamento. Há qualquer momento está sujeito a cair um novo temporal não será nada aconselhável para senhora permanecer no lugar das buscas, nós iremos os irmãos a fim de acompanhar os trabalhos, cuide do papai agora mais do nunca é importante que estejam juntos. – Tudo bem meu filho, não será agora que eu irei ignorar a realidade, você tem razão, mas olha lá no fundo de meu coração eu sinto que meu filho não morreu, a qualquer momento recebo seu telefonema me dizendo onde está. Deus te ouça mamãe Deus te ouça!

Prosseguiram com as buscas, a cada carro resgatado era uma verdadeira comoção, um processo demorado com o grande número de familiares aglomerados nas duas margens do rio. Armaram uma grande tenda donde se processava a identificação dos mortos. A documentação portada pelos ocupantes dos veículos facilitava sua identificação com ajuda de seus familiares que se locomoviam atravessando de um lado a outro num barco dos bombeiros. Felizmente passou o dia sem chuva embora o tempo continuasse carregado sujeito a desabar a qualquer momento. Este fator fez com que o volume d’água diminuísse consideravelmente. Mais uma noite de angustia para a família de Claudio. Que recebiam o apoio de diversos amigos solidários ao desaparecimento do ente querido. Amália e Jorge pareceram mais conformados, com o apoio que recebiam, ela sempre convicta afirmando que seu filho não morreu. Sempre na expectativa de encontrar o irmão o mais rápido possível os irmãos revezavam dois assistindo seus pais e dois no local do acidente. Mais uma noite de espera e tormento sem chuva aumentou a esperança da família. O rio amanheceu no 3º dia com volume d’água quase normal e a essa altura os familiares a busca de seus parentes desaparecidos também eram poucos.

(Continua na próxima semana)

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 08/10/2012
Reeditado em 28/11/2012
Código do texto: T3921597
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