O MILAGRE DA MEDALHINHA DE OURO(1ªPARTE)
Nascido em berço de ouro, Cláudio estudou nos melhores colégios do país. Ao se formar recusou trabalhar nas empresas do pai. Desejando andar com as próprias pernas e montar seu próprio negócio, não aceitou a ajuda financeira oferecida por ele afirmando já ter recebido o suficiente até a sua formatura. Seu pai que viera de uma família humilde e pobre venceu na vida, e se tornou um grande empresário. Começando da estaca zero. Ele também queria imitá-lo. Seus quatro irmãos mais velhos, estes sim, deveriam ter o aval dos pais por terem optado pelo trabalho ao invés de estudar, ajudaram a construir o império financeiro da família. Era dessa forma que pensava, e agia o engenheiro recém formado cobiçado por inúmeras garotas, suas conterrâneas as quais não lhe despertavam nenhum interesse.
Amália sua mãe respeitava a atitude do filho, embora gostasse de vê-lo trabalhando junto aos irmãos. Afirmava sempre que na vocação dos filhos jamais iria interferir. Cláudio era um homem honrado trabalhador. Bem educado respeitador das leis e dos direitos humanos, mas incrédulo. Respeitava a crença religiosa de seus familiares, porém não seguia a tradição de religiosidade da família.
A mãe orava constantemente rogando a Deus proteção para os filhos em especial a ele que não seguia nem um crédulo religioso. Esperava que um milagre acontecesse o convertendo. Formado em engenharia química, bom profissional e muito responsável em sua missão. Era bem remunerado trabalhando numa grande empresa da região metropolitana da capital de seu estado natal.
Era invejável a harmonia vivenciada pela família. Ao contrário dos irmãos Cláudio jamais pensara em se casar, embora não faltasse pretendentes. Ele sempre afirmava que sua mãe não merecia ser mártir de nora, e que se um dia chegasse a lhe oferecer uma, esta, teria que ter todos os atributos de uma boa filha, para que jamais melindrasse sua mãe. Trabalhando na capital ele estava sempre em contato com os pais via telefone, sempre que surgia um feriado prolongado ela viajava passando os dias com a família. Cem quilômetros apenas separavam seu local de trabalho de sua terra natal.
Coincidindo com a data de seu aniversário surgiu um feriado, prolongando o fim de semana. Ao chegar à sua casa uma mega festa o esperava. Apesar de não ser o tipo de evento que lhe agradasse ele demonstrou uma gratidão imensa para a mãe que preparou tudo com muito carinho. Uma multidão de amigos e convidados todos vestidos a caráter com uma camisa estampado sua foto, o aguardou de surpresa. Aquilo acabou mexendo com o seu sentimento. E ele proferiu um belo discurso enaltecendo o carinho recebido.
Numa demonstração de carinho, ele abraçou a mãe, exclamando: ---- desta vez me pegaram de surpresa, eu louco pra tomar um banho desligar meu celular e cair na cama, depois de uma semana de muito trabalho, e total stress, tenho que redimir a idéia, mas tudo bem, o que não farei eu, por minha querida mãe?
Divertiram-se a noite inteira ele recebeu com alegria os cumprimentos de todos os convidados. Os retribuindo com simpatia e cordialidade. Seus pais se sentiram gratificados com sua conduta, eles, que sempre o viam tão recatado, ficaram surpresos e felizes com sua descontração e comportamento de civilidade.
Na segunda feira chovia torrencialmente sua mãe logo manifestou a sua preocupação com o seu retorno ao trabalho, mas ele a tranqüilizou argumentado as boas condições da estrada. – Meu filho eu sei, e respeito perfeitamente seu modo de agir e pensar sobre a religião, mas mesmo assim reze comigo a oração que Jesus nos ensinou! – Mamãe eu não freqüento nenhum templo, mas todos os dias eu faço esta oração e peço a Deus proteção, foi assim que a senhora me ensinou e eu nunca esqueço o quanto a isso fique tranqüila. Após rezar juntos, ao despedir recebeu seu presente de aniversário que ela ainda não o entregara. Um relógio de bolso com uma grossa corrente em ouro maciço ornada com uma medalhinha da virgem Maria também de ouro. Ele beijou a mãe, em seguida beijou também a medalhinha colocou o relógio no bolsinho da calça jeans que estava usando deu um laço com a corrente na alça da calça abraçando também o cinto, colocou a mala no carro e partiu, com a recomendação para ligar assim que chegasse ao seu destino. O temporal aumentou e a preocupação da mãe também. Mas aquele seu gesto beijando a medalhinha ao recebê-la encheu de felicidade o seu coração de mãe. Foi como um fleche de luz tocando fundo na sua alma.
Preocupada com os afazeres domésticos, Amália esqueceu por um tempo a viajem do filho. Mais tarde ao ligar a T.V. um repórter no plantão de noticias anunciava o rompimento da ponte do rio bem próximo da capital do estado, sendo que inúmeros veículos precipitaram submergindo no rio. Até que alguém conseguiu uma forma de deter o transito não se sabia quantos mergulharam naquele imenso caudal. Como coração de mãe nunca se engana ela teve um mau pressentimento viu seu filho envolvido na tragédia. Ligou no seu celular. -- Desligado ou fora de área ou fora de área de cobertura, ligue mais tarde; foi à resposta obtida. Ligou para seu local de trabalho, a resposta aumentou ainda mais sua preocupação, o filho não chegara ao destino.
A chuva deu uma trégua pai mãe e irmãos pegaram a estrada e dirigiram ao local da tragédia uma multidão aglomerada em ambas as margens do rio buscavam noticias de parentes. O corpo de bombeiros pouco ou nada poderia informar tamanho era o volume e proporção da cheia no rio que a poucos quilômetros dali desembocava no grande Solimões. Em estado de choque Amália e o marido Jorge foram hospitalizados.
(Continua na próxima semana)