Sonhos que se perderam

Um homem de pouco timbre, com jeitinho de mineiro.

Fazia as invenções, sem ter nada de engenheiro.

Sonhava com a paz no mundo, que plantou no seu terreiro.

E irrigou dia e noite até o fim de solteiro.

Casou se pra ser feliz, isto é bem verdadeiro.

Mas percebeu em seguida, que se tornou prisioneiro.

Tentou buscar liberdade, alçar vôo em altos planos.

Mas era sempre puxado, como um cão de madame.

Obsessão ou loucura vivia numa clausura.

Tudo virava censura, nos olhos da companheira.

Já não olhava o horizonte, a vida perdeu encantos.

Então buscou o silencio, nas melodias dos cantos.

Canto, que conta historia, historia que agora conto.

Ainda bem que na terra, pensamento é só do dono.

Hoje esta planta não cresce, não da mais flores nem da frutos.

Não sonha com a esperança, de paz lá na sua rua.

Só resta então esperar, devido tempo passar.

Uma hora vai chegar, o jardineiro Jesus.