O HOMEM QUE PAGOU UMA PROMESSA ENGANANDO O SANTO.
Assim que Zé do norte terminou mais uma de suas apresentações na escadaria da igreja da sé foi convidado a se retirar pela guarda civil metropolitana que gentilmente pegando-o pelo braço, o levou até o outro lado da rua.
Zilo o garoto que o acompanhava, tratou logo de correr com a velha viola enfeitada antes que as autoridades a levasse.
__Que gente irguinorante! Disse zilo.
Achei que a praça era do povo?E que a polícia servia pra caçar e prender bandidos.
O que vemos agora e policia tomando coisas de camelo outro dia os vi tomando uma caixa de água de um senhorzinho que tentava ganhar a vida.
E nós eles chamam de esmoleiro!Se fossemos uma dupla famosa seriamos escoltado, como somos pobres somos esmoleiros...
__Esquece isso, zilo.
Eles estão cumprindo o seu dever.
__Dês de quando o dever da policia é tomar as coisas do povo?
Olha se não corro... Já era a viola.
__Olhar, não posso, ce sabe!
__Desculpa seu Zé. Eu às vezes esqueço que o senhor é cego.
Mais posso perguntar uma coisa?Todos os dias antes do senhor começar a contar seus causo o senhor ergue sua mãos para o céu e agradece. É promessa feita pra algum santo?
__Você presta atenção em tudo em menino, vem cá. Me de a viola. veja tem um nome escrito aqui num tem?
__Tem ta escrito, Zé luar.
__pois é. Zé luar foi o homem que me ensinou a arte de violar e contar estória. e toda vez que eu faço uma coisa ou outra agradeço ao Zé que de lá do céu senta-se numa nuvem pra ver se aprendi direito.
Gratidão é uma coisa muito importante pra formar um grande caráter, quem não tem gratidão não tem caráter. E isso me lembra dum causo que o Zé luar me ensinou.
_Então conta.
_O nome do causo é O HOMEM QUE PAGOU UMA PROMEÇA ENGANANDO O SANTO.
Ele disse que não sabe o nome do autor mais que foi contado em uma feira por um homem que escrevia cordel.
__Que é cordel?
__Gostaria de te explicar melhor... Mais infelizmente não enxergo. Mais Zé luar me disse que era um livrinho escrito por artistas populares que contavam causos rimados ,muito parecidos com o repente numa rima em xá xá xá ,Bem vamos à estória.
La pras banda do nordeste havia um coronel muito rico e ao mesmo tempo pobre.
Pois para o sovina lhe faltam o que não tem e o que tem, na verdade maior que suas posses só o seu egoísmo.
Falava pouco pra economizar as palavras, quase não saia pra evitar que alguém lhe pedisse algo.
Um dia um de seus antigos criados de confiança recebeu a noticia que seria pai de novo, e com o aumento da família, também as despesas aumentariam, com muito custo criou coragem de pedir ao velho coronel um aumento salarial. E á foi.
Cabeça baixa, chapéu na mão respirou fundo e disse:
_Coronel, ce me desculpe mais preciso de um aumento.
O coronel cerrou as sobrancelhas e disse.
_Ta desculpado! Vá trabalhar.
Ah! Mais tem duas coisas que Deus deu ao homem que não se importa se é pobre ou rico.
A MORTE E AS DOENÇAS. Isso ninguém pode evitar.
E uma ta ligada à outra ,e certo dia o velho coronel adoeceu,ficou a beira da morte.
O medico o desenganou, o padre foi chamado. E como o coronel dizia que era ateu pra não ajudar a igreja foi tratado com descaso pelo padre.
__Somente um milagre o salvará!Disse o padre.
Sentindo o medo da morte o coronel beijou a mão do padre que alimpou em seguida e disse.
_Que faço pra receber o tal do milagre?
__Bem, acho difícil... o senhor já me falou varias vezes que era ateu...seu caso é difícil.
Mais quem sabe recebendo o milagre o senhor aprende.
Então faça o seguinte: procure o seu santo de devoção e faça uma promessa, e no seu caso faça uma grande promessa. Convença o santo que você merece a benção.
E assim o velho coronel fez uma promessa.
__Prometo que venderei minha novilha premiada e darei todo o dinheiro ao santo.
O padre ficou boquiaberto a novilha era a menina dos olhos do coronel isso sem dizer que valia muito, todos os fazendeiros desejavam a tal novilha.
O padre não se conteve em si, concebendo o milagre o dinheiro ia pro santo.
E o padre administrava o dinheiro do santo.
Não sei se pela fé do coronel, pelas rezas do padre ou pelos interesses do santo.
O coronel curou-se.
O padre então foi à fazenda.
_Vejo que o coronel recebeu a benção, ta corado, cheio de vigor.
Só espero que não esqueça que agora é um bom cristão e que deve pagar a promessa.
Ao lembrar que devia vender sua novilha premiada e dar o dinheiro ao santo quase teve um ataque do coração e morreu.
Mais como prometeu não tinha jeito era melhor pagar. Então decidiu que venderia a novilha na feira de sábado.
Aquela era uma segunda feira, ele passou a semana em claro pensando na promessa que fez.
_A promessa dos infernos, ai de mim. Minha novilha premiada!Ai, Ai.
Quando chegou o sábado teve uma ideia milaborante, e prosseguiu para feira.
Levou sua novilha e um cão velho que tomava conta do pasto.
A novilha foi a grande atração da feira, todos a queriam.
E pagariam um preço auto por ela.
O padre ria a riso largo.
Um dos fazendeiros que era rival político do coronel viu ali o momento de humilhar o rival comprando a novilha premiada.
Alem do mais o dinheiro não ia pro coronel e sim pra paróquia, matando dois coelhos com uma só cajadada.
__Faça sua proposta, quanto quer pela novilha?
O velho coronel fechou o bico e disse.
_Quero dois!
__Oque?DOIS MIL Reis?
_Não dois reis.
_O que homem ficou louco? Essa novilha vale pelo menos Mil reis, a doença o enlouqueceu?
Gritou o padre com as mãos apertando a cabeça em sinal de desespero.
O fazendeiro soltou uma gargalhada e disse:
__Feito.
_Bem mais tem outra coisa. Se comprar a novilha tem de comprar o cachorro que sempre cuidou dela.
Esta de acordo?
Ainda rindo-se muito disse.
_Que seja estou de acordo, e quanto vai me custar... (risos.) o cachorro?
-CINCO!
_Real mente enlouqueceu mesmo, dois reis pela novilha e cinco pelo cachorro, sete reis.
Bem estão aqui.
_Opa!CE não entendeu, dois reis pela novilha e cinco mil pelo cachorro.
_Oque?ce ta pensando que sou louco?
_Acabamos de selar um acordo diante de varias testemunhas, inclusive eleitores seus.
Não gostaria que saíssem falando que o senhor não cumpre as promessas, não é?
O fazendeiro soltando fogo pelas ventas pagou os cinco mil e dois reis é se foi da feira contando o prejuízo.
O velho fazendeiro pagou a promessa com dois reis. (O padre desmaiou.) e foi-se embora com os cinco mil.
Uma vez sovina sempre sovina.
E esse foi o causo do O HOMEM QUE PAGOU UMA PROMEÇA ENGANANDO O SANTO.