FOLHA SECA
A primavera urge de uma forma perfeita.
Ventos a revelia, folhas secas pelo chão...
Nos primeiros pingos dágua, tudo começa a florir. Primeiro a flor que dá iniciação a outra semente e depois novas folhas para dar sustentabilidade para a semente crescer forte e continuar a espécime.
“Meu cafezal em flor, quanta flor no cafezal...” (Cascatinha e Inhana perpetuando uma música sobre um cafezal em flor).
A natureza, toda hora, todo dia, nos ensina viver.
Mas nós humanos, aliás, tenho que descobrir quem nos deu esse falso adjetivo; nós supostos humanos fazemos de tudo para com a natureza acabar.
- Mais que pueirão cumpade?
- Mais num sei pra quê esse tanto de istrada!
- O ar ta inté infumaçado cumpade!
- Sei lá pra quê esse tanto de carro!
- Diz qué pro povo andá...
- Será caos de quê esse povo tá quesse cumixão?
- Correno atrás dos cobre...
- Ês isquece, né memo?
- Nóis é tudo foia seca.
- Vai virá isterco pra curtivá a terra que nos dá a vida.
- Já que deu os primero pingo, bamo cantá uma moda cumpade?
- Ripica aí...
- ...
- Sem inspiração cumpade?
- Tava pensano in fazê memo era um poema.
- Pra natureza cumpade?
- Tava pensano nas minhoca...
- Manda aí...
- Sabia queas minhoca só come terra quinda num foi digerida?
- E nóis só fica digerino, digerino...
- Tudo que já foi digerido...
- Novela ripitida, futebor ripitido, propaganda ripitida, água de esgoto...
- Cê tá quereno dizê quinóis bebe é quela água de isgoto?
- Isso memo cumpade.
- Mais os pulítico fala que tão tratano daquela água sô!
- Craro. Ês trata ela, nóis bebe de novo, ela vorta pro lago através da discarga, ês trata ela de novo...
- Mais essa água tá iguá os pulítico cumpade?
- Mais é isso que quiria falá!
- Ês num sai da frente né cumpade?
- Quiria memo é sê minhoca?
- Credo cumpade! Nem sexo parece que faiz?
- Mais num síria obrigado a votá no memo cara de novo sô!
- Mais sê pode votá no oto sô?
- Cadê?
- ...
Nós brasileiros, não nos mobilizamos no sentido de um todo. Desde assim, vai ser sempre uma servente de um grupo escolar carregando um quilo de feijão todo dia e lá encima, no grande escalão, eternos prefeitos subfaturando licitações e comprando a mídia ou alguém que queira denunciar alguma coisa. Ninguém ainda se preocupou com isso, mas está saindo de controle. Talvez sejamos o país mais rico do mundo e vamos falir pela incompetência de nosso sistema político, e por que não, de uma raça que ainda não conseguiu discernir o seu cacique. (ideologia)
JOSÉ EDUARDO ANTUNES