O policial folgado - In Contos
Com ele, Roberto dos Santos Fortis, era assim : qualquer suspeito era suspeito, se com atitude suspeitas, já era criminoso condenado à cadeira elétrica. Roberto, ou melhor, Fortis, como era chamado pelos amigos, era rigoroso, orgulhoso e cumpridor de seus deveres.
Adorava aquela profissão, dir-se-ia, ele viciado em adrenalina: amava uma perseguição, se houvesse tiros ,melhor ainda; isto, o fazia se sentir um herói como aqueles que aprendera a assistir na tv. Na infância, amava estes heróis que abraçavam a mocinha e tudo terminava num longo beijo.
Naquele dia de verão, calor intenso, as ruas movimentadas suavam
escorregadias. A irradiação partindo do asfalto era insuportável, por isso, Fortis ansiava por um sorvete. Ele e seus companheiros de trabalho lá se foram a tomar sorvetes. Estavam ali, quando, ao lado, uma turbamulta grita :" - Polícia. polícia". Fortis foi o primeiro a sair correndo em direção aos gritos, o sorvete lhe caiu no chão, ele nem ligou; correu empurrando tudo que estava pela frente, cego corria empurrando tudo para o lado, quando ao tentar empurrar algo, sentiu um baque tão grande que caiu sentado no chão; as pessoas à volta a rirem dele, então percebe que dera um encontrão numa árvore. Levantou-se irado,furioso e correndo mais depressa ainda, chegou ao local e viu um rapaz de costa para ele batendo em uma mulher. Em sua cegueira não percebeu que mulher fosse e partiu para cima do rapaz batendo,chutando, socando e berrando :
- Toma, desgraçado. Numa mulher não se bate nem com uma flor.
Foi necessário retirar Fortis de cima do rapaz que ensanguentado,
quase a perder os sentidos, entre dentes moles ainda disse:
- Fortis, sou eu, seu primo e melhor amigo.
Fortis congelou e olhando-o reconheceu.
- Mas por que bater em sua mulher ? ?.
A resposta foi singela e arrependida; no tom de voz implorava perdão.
- Não era minha mulher. Era a sua que traía você com a minha".