* João pipoca, a princesa e a escama *
João pipoca era o apelido de um rapazinho calmo, tranquilo, preguiçoso e que gostava muito de comer principalmente pipoca e só fazia o que sua mãe pedia se lhe desse pipoca.
Tudo que sua mãe lhe pedia para ele fazer, ele dizia:
- Só faço se você me der pipoca.
Ela sempre lhe dava pipoca.
Um dia sua mãe fez um sacão de pipoca e pediu para ele tirar lenha no mato para ela fazer o almoço. João pegou o saco de pipoca e foi tirar lenha. Como era muita pipoca ele tirou muita lenha. Quando foi levar para casa não pode, pois estava muito pesado.
João havia comido muita pipoca e estava com muita sede, foi tomar água num rio que ficava perto de onde ele havia tirado a lenha. Ao chegar ao rio encontrou uma piabinha que estava quase morrendo fora d água.
A piabinha lhe pediu:
- João coloca-me dentro d água.
Ele respondeu:
- Eu não, a não ser que você me dê pipoca?
- Como posso te dar pipoca João? Sou apenas uma piabinha.
- Ah! Então, morra no seco que não estou nem aí.
A piabinha insistiu:
- Por favor, João! Coloca-me dentro d água.
Respondeu João novamente.
- Só coloco se você me der pipoca.
A piabinha disse:
- João, eu sou uma piaba encantada, se você me colocar na água novamente, eu te dou uma escama e cada vez que você precisar de alguma coisa basta apertá-la, que realizo para você.
João perguntou para piabinha:
- Como pode fazer isso?
A piabinha respondeu:
- João, você aperta minha escama e diz: “Piabinha de Belém pelo poder que vós tem (faz seu pedido)” e realizo na mesma hora.
-Tudo bem! Respondeu João, tirando a escama e jogando a piabinha na água.
Continuou tentando levar o fecho de lenha que sua mãe pediu. Não conseguindo, resolveu testar se a piabinha não tinha lhe enganado. Amarrou o fecho de lenha com uma corda, subiu em cima da mesma e apertou a escama e disse:
- “Piabinha de Belém pelo poder que vós tem, fazei que esse fecho de lenha me leve para casa”. Mal fechou a boca o fecho de lenha saiu andando com ele.
O pessoal na rua ria, pois nunca tinha visto algo assim.
Ao passar em frente ao palácio a filha do rei, estava na janela e sorriu ao ver o João pipoca em cima do fecho de lenha, dizendo que era muito engraçado. João não gostou apertou a escama da piabinha e disse:
- “Piabinha de Belém pelo poder que vós tem, coloca um menino no bucho daquela diacho”.
O tempo passou...
A princesa cresceu a barriga, sem ninguém saber quem era o pai da criança, nem mesmo a princesa. Causando maior desgosto que um rei pode sentir.
Chegou o dia do nascimento da criança. O menino nasceu com um cartão na mão. Toda a corte, parentes e vizinhos diziam que o menino entregaria o cartão somente ao seu pai.
O rei convocou todos os homens da cidade para descobrir quem era o pai de seu neto e futuro marido de sua filha. Seu castelo ficou bastante animado, veio príncipe de toda cidade, mas o menino não entregou o cartão para nenhum deles. Veio também todo homem do mais rico ao mais simples, menos o João pipoca e a criança não entregou o cartão.
Este fato tirava o sono do rei. Alguém percebeu que havia faltado um homem em toda cidade que não tinha vindo visitar o menino.
- Quem?
Perguntou o rei?
- João pipoca. Aquele rapaz que vive somente com sua mãe e só faz as coisas por pipoca.
O rei mandou chamá-lo.
Sua mãe lhe deu pipoca e ele veio.
Ao chegar à casa do rei, dirigiu-se a criança e disse-lhe:
- Dá-me esse cartão menino, tomando o cartão das mãos da criança. O menino entregou-lhe expressando-lhe um enorme sorriso.
Todos ficaram boquiabertos, com este episódio, o rapaz mais humilde, mais simples, mais desajeitado da cidade era o pai do neto do rei. Futuro esposo da princesa. Toda corte pedia explicação à princesa.
- Como pôde fazer isso com a gente?
Mas a princesa era inocente.
Festejaram e preparam o casamento da princesa.
Na noite do casamento, a princesa ainda indignada, louca para saber como o João havia colocado o menino em sua barriga, não via a hora de ficar a sós com ele.
Finalmente, foram para o quarto e a princesa foi logo querendo saber.
- João, você me deve uma explicação, como colocaste o bebê em minha barriga, pois nós sabemos embora ninguém acredite que não tivemos nada.
João respondeu:
- Só lhe digo se me der pipoca.
A princesa lhe deu uma bacia cheia de pipoca.
João disse:
- Lembra-se daquele dia, que eu passei em frente sua casa em cima de um fecho de lenha?
A princesa disse:
- Lembro-me. E daí
- E daí que você riu de mim. Disse João.
- Fiquei zangado e coloquei o menino em sua barriga.
- Como João? Como?
- Apertei a escama da piabinha encantada e pedi que colocasse um menino em sua barriga.
- Cadê a escama João, me deixa ver?
João mostrou a escama para a princesa. Ela lhe pediu para ele lhe ensinar a usara escama. João lhe pediu mais pipoca, ela deu e ele ensinou.
A princesa apertou a escama e pediu a piabinha um palácio, maior e mais bonito do que o de seu pai, uma transformação de João em príncipe e eles se amando para sempre.
Assim aconteceu...
No outro dia quando o rei acordou, viu um palácio em frente o seu, sendo maior e mais bonito, ele disse assustado:
- Vou ver quem é esse morador que construiu um palácio da noite para o dia, ainda por cima maior e mais bonito que o meu.
Ao chegar lá, quão grande foi sua surpresa, ao se deparar com sua filha e João pipoca um lindo príncipe.
Intrigado o rei perguntou para sua filha:
- Como pode isso ter acontecido?
A princesa convidou-o para um passeio ao redor de seu castelo e contou tudo para seu pai. Na corte todos ficaram surpresos e felizes.