Fulana X Loira
Fulana era uma moça bastante sagaz, que tinha lá pelos seus...; não sei exatamente a idade dela, mas era aquela idade em que as moças se olham bastante no espelho e desejam ter coragem suficiente para mandar os pais cuidarem da vida, mas não tem a coragem nem a tal maioridade necessária para isso. Era algo que não se definia entre os tradicionais (adjetivos) loira, morena e ruiva, mas com certeza tinha cabelos cacheados e extremamente cheios, qualquer coisa que lembre a juba de algum leão africano. Apesar de serem esteticamente incômodos, eram exatamente seus cabelos que lhe proporcionavam tamanha vitalidade visual.
Ah, e Fulana tinha lindas pernas, então Alguém viu suas pernas, e seu rosto que também era agradável, supostamente se encantou pelas pernas, mas estranha e conseqüentemente desejou beijar seus lábios e não suas pernas.
Beijaram-se os lábios. Foram na verdade vários pequenos e suaves, delicadíssimos, beijos. A distância temporal e psicológica que os separou após o beijo foi tão grande que aconteceram coisas inarráveis (pelo fato de eu que narro a historia não ser nenhuma espécie de divindade e conseqüentemente não ser nem onipresente, nem onisciente, e pelo fato de só Alguém poder saber o que se passou com ele e com sua mente e que estímulos externos ativaram agradavelmente seus neurônios). Após esse tempo pretérito mais que perfeito, Fulana soube por Alguém que Alguém se apaixonara, não por Fulana, mas por uma moça definida definitivamente, a não ser que pinte os cabelos, Loira.
Loira e Alguém passaram a se definirem namorados, um namoro é uma coisa, um estado, muito subjetivo, por isso não me aprofundarei muito neste namoro, até porque o desconheço. Fulana ao saber deste estado em que se encontravam Loira e Alguém, ainda se encontram, jogou não literalmente, mas literariamente seus cornos minotaurianos sobre Alguém, jogou-os com força e sem prudência de manter uma provável e medíocre amizade residual.
Que bom que Fulana fez isso, afinal esse tipo de amizade não vale nada, nem mesmo a pena.